
Ciência
11/09/2020 às 11:00•2 min de leitura
Um pequenino crânio de um filhote de saurópode está servindo para mostrar aos cientistas um minúsculo "chifre" nessa espécie de dinossauro que não aparece nos adultos. O fóssil tem apenas 3 centímetros e pertence a um embrião, eternizado antes mesmo que ele pudesse sair da casca de seu ovo.
Um tipo de exemplar como esse é raríssimo, ainda mais nessas condições de conservação. Estima-se que o crânio tenha mais de 80 milhões de anos de idade, e ainda assim podemos ver com clareza na imagem o diminuto chifre na ponta do nariz.
Com olhos fica mais ou menos assustador? (Fonte: Reprodução/Martin Kundrat/Universidade de Pavol Jozef Šafárik)
Cientistas não estão num consenso, no entanto, da função desse pequeno chifre encontrado no embrião. Por mais que este seja um fóssil raro, ele não é o único - outros embriões de titanossauros já foram encontrados em situações parecidas, mostrando também a mesma formação no focinho.
Como titanossauros adultos não aparentam ter o mesmo chifre, os primeiros cientistas a encontrarem o apêndice deduziram que ele poderia servir para ajudar no processo de eclosão do ovo. Ou seja, o filhote usaria seu chifre para quebrar a casca do ovo e facilitar sua saída.
Martin Kundrát, no entanto, não concorda muito com essa explicação. O paleobiologista do Center for Interdisciplinary Biosciences at Pavol Jozef Šafárik University in the Slovak Republic divulgou um estudo com base neste crânio tão bem preservado e falou à Live Science a respeito de suas dúvidas em relação à teoria atual.
Kundrát faz uma comparação com répteis e aves atuais para levantar suas suspeitas. Segundo ele, esses animais contam com um pequeno "dente" feito de queratina quando ainda estão dentro do ovo, e usam o órgão para quebrar a casca. Esse órgão temporário aponta pra cima, já que os embriões ficam curvados dentro do ovo, com a cabeça apontando para baixo.
A riqueza de detalhes oferecida por um fóssil bem conservado. (Fonte: Reprodução/Martin Kundrat/Universidade de Pavol Jozef Šafárik)
O chifre encontrado no saurópode e outros titanossauros nitidamente aponta pra frente, o que dificultaria bastante seu uso se os embriões também ficarem na mesma posição dentro do ovo.
É impressionante a quantidade de conhecimento que pode ser obtido de um fóssil em ótimo estado de conservação, como este. Devido à fragilidade de embriões de dinossauros ainda dentro dos ovos, é raríssimo encontrar um fóssil em boas condições, muito menos no estado de preservação deste exemplar. Esse é o primeiro crânio embriônico recuperado em suas três dimensões que se tem registro.