Artes/cultura
17/09/2020 às 06:00•2 min de leitura
Você já reparou como os bebês são fascinados pelos rostos dos adultos? Os da mãe inclusive são os preferidos, principalmente entre os recém-nascidos – e essa é uma atitude que chama a atenção da Ciência. Um estudo publicado no jornal científico PNAS mostra que essa curiosa característica é compartilhada com outro animal: as tartarugas!
A análise foi comandada por pesquisadores da Universidade de Trento, na Itália, que observaram o comportamento de filhotes de 5 espécies do gênero Testudo. Foram colocadas 136 tartaruguinhas em um espaço que tinha 4 cartões com padrões diferentes de desenhos: 3 formados por manchas aleatórias e outro que lembrava um rosto, com dois olhos e boca em um formato triangular.
Em 70% das vezes, os pequenos animais eram atraídos pelo padrão que tinha o desenho de um rosto. Os filhotes caminhavam lentamente em direção ao desenho ou viravam o corpo em sua direção, mantendo o olhar fixo na imagem.
A tartaruga-grega é uma das espécies do gênero Testudo
Esse comportamento já havia sido notado em outros representantes da fauna, como macacos, cachorros e galinhas. Entretanto, nesses casos anteriores, sempre há uma forte relação de proteção dos pais com a cria – as mamães, principalmente, são as mais protetoras, por isso costumam ter o rosto mais atrativo. No caso das tartarugas isso não acontece, já que os filhotes são independentes desde que eclodem dos ovos.
O estudo também mostrou que se o cartão com o rosto desenhado fosse retirado, as tartarugas tendiam a se interessar por aquele que mais se assemelhasse a uma face. Com base nesses resultados, os pesquisadores acreditam que o comportamento de interesse facial é comum nos primeiros meses de vida em diferentes espécies.
Assim, também é possível deduzir que a preferência de filhotes – tanto humanos quanto animais – por rostos é uma característica que surgiu antes mesmo do do cuidado parental, ainda nos primórdios da árvore genealógica. “A predisposição pela abordagem de estímulos faciais observada em filhotes de espécies solitárias sugere a presença de um mecanismo antigo, ancestral à evolução de répteis e mamíferos, que sustenta as respostas exploratórias e potencialmente de aprendizagem, tanto nas espécies solitárias quanto nas sociais”, explicam as autoras Elisabetta Versace, Silvia Damini e Gionata Stancher.
"Não é a mamãe"