Ciência
11/10/2020 às 03:00•2 min de leitura
Nosso planeta é, constantemente, bombardeado por radiação cósmica, sendo que grande parte dela é barrada por uma proteção natural, o campo magnético, que, apesar de fundamental para a existência da vida, não é potente em termos universais. Só para se ter uma ideia, a força necessária para que a agulha de uma bússola aponte para o norte é de 0,3 a 0,5 gauss – enquanto avanços tecnológicos proporcionaram a criação de dispositivos de ressonância que chegam a 105 mil gauss (10,5 teslas).
O máximo atingido artificialmente em um teste de laboratório com o uso de lasers foi de 1,2 mil teslas – nada mais que isso. Entretanto, pesquisadores da Universidade de Osaka, Japão, publicaram um estudo no qual afirmam ser possível criar campos magnéticos de 1 milhão de teslas (1 megatesla) aqui mesmo, na Terra (o equivalente ao de muitos buracos negros).
O engenheiro Masakatsu Murakami e sua equipe, por meio de simulações e modelos, descobriram que disparar pulsos de laser ultraintensos em tubos ocos com apenas alguns mícrons de diâmetro poderia energizar os elétrons na parede desses ambientes e fazer com que alguns saltassem para a cavidade oca no centro, implodindo tudo. Aí, as interações dos elétrons ultraquentes e o vácuo criado conforme o tubo implode cria um fluxo de corrente elétrica, responsável por amplificar um campo magnético existente em duas a três ordens de magnitude.
Tudo dura apenas 10 nanossegundos e desaparece, tempo suficiente para diversos experimentos avançados e muito menos que o necessário para piscar os olhos.
Supercomputadores foram utilizados para chegar a esse resultado, mas, para transformar a teoria em prática, é preciso muito mais. Já é possível concretizar a façanha com equipamentos existentes; ainda assim, um pulso de 0,1 a 1 quilojoule exigiria de 10 a 100 petawatts (10 a 100 quatrilhões de watts). Imagine o susto na hora de pagar a conta de luz no fim do mês?
Brincadeiras à parte, lasers com potência mínima para a geração de um campo magnético do tipo estão sendo implantados na European Extreme Light Infrastructure, e cientistas chineses declararam em 2018 a intenção de construir um de 100 petawatts no Station of Extreme Light – que deve entrar em operação em 2023.
Busca de matéria escura e confinamento de plasma em reatores de fusão nuclear para geração de energia estão entre as expectativas. Quem sabe o que o futuro nos reserva?