Ciência
05/11/2020 às 02:31•2 min de leitura
Combustível gerado a partir de micro-organismos que vivem no solo: esse projeto inovador, nascido na britânica Universidade de Bath, está sendo testado agora por geógrafos e químicos das universidades federais do Ceará (UFC) e do Rio Grande do Norte (UFRN) na pequena vila de pescadores de Icapuí, no semiárido nordestino – um lugar onde a principal fonte de água potável é a chuva.
O sistema captura a energia das reações químicas proveniente da atividade metabólica de micro-organismos que vivem no solo, e que pode ser usada na filtragem da água. Em 2019, testes mostraram que o método consegue purificar três litros de água por dia.
Alunos da EEF Professora Mizinha, de Icapuí, ajudaram na montagem do sistema.
O sistema tem dois eletrodos à base de carbono posicionados distantes quatro centímetros um do outro e ligados a um circuito externo. Um eletrodo é enterrado no solo, enquanto o outro é exposto ao ar, na superfície. A energia gerada alimenta um reator eletroquímico que purifica a água.
“Este sistema tem verdadeiro potencial como uma fonte sustentável de baixo consumo de energia”, disse a líder do projeto, a biotecnóloga Mirella Di Lorenzo, lembrando que todo o equipamento necessário não custa mais que três libras (menos de R$ 25)
Os pesquisadores Jakub Dziegielowski, Jannis Wenk e Mirella Di Lorenzo com as células de combustível microbianas do solo (SMFC)
Atualmente, o problema é replicar a tecnologia fora dos laboratórios. “Fazê-lo ao ar livre e com um sistema que requer manutenção mínima é muito mais complicado, e isso já provou ser uma barreira para as células a combustível microbianas serem consideradas eficazes”, disse a pesquisadora.
Segundo ela, “buscamos uma forma sustentável de tratar a água de maneira eficaz e torná-la potável em regiões como o semiárido. A água da chuva é a principal fonte de água potável na área; ao ser clorada, ela se torna potável mas estéril, com um forte odor e gosto ruim.”
Sistema à base de germes do solo gera água pura via TecMundo