Estilo de vida
17/11/2020 às 08:00•2 min de leitura
Segundo um estudo compartilhado pela American Astronomical Society durante uma coletiva de imprensa, o asteroide Apophis está tendo sua trajetória recalculada após a descoberta de um fenômeno chamado aceleração de Yarkovsky, responsável por alterar as configurações de velocidade da rocha e seu direcionamento através da radiação térmica não uniforme.
Considerado um corpo espacial de procedência crítica, o Apophis vem sendo monitorado cuidadosamente por cientistas, que tentam estipular o quão perigosa a rocha pode ser para o planeta Terra. Descoberto em 2004, o objeto passou por inúmeras observações e seu risco de impacto previsto para 2068 foi calculado: 1 chance em 150 mil.
As novas pesquisas, que surgiram como resultados de observações registradas entre 4 noites dos meses de janeiro a março de 2020, sugerem que a alteração na trajetória de Apophis foi causada pelos efeitos assimétricos da luz solar na rocha, que se acumulou na forma de energia térmica em um dos polos e gerou uma espécie de impulso em uma determinada direção, mudando ligeiramente sua órbita. Na ciência, o fenômeno é conhecido como aceleração de Yarkovsky.
“Basicamente, o calor que um asteroide irradia dá um pequeno empurrão”, disse o autor do estudo, David Tholen, astrônomo da Universidade do Havaí, em Manoa. “O hemisfério mais quente [do asteroide] estaria empurrando um pouco mais do que o hemisfério mais frio, e isso faz com que o asteroide se afaste do que uma órbita puramente gravitacional poderia prever”.
Segundo os cientistas, ainda não há motivos para descartar o perigo que o asteroide pode trazer ao planeta, especialmente por conta dos novos cálculos, que concluíram um afastamento de cerca de 170 metros por ano em relação a sua órbita anteriormente prevista. “O cenário de impacto de 2068 ainda está em jogo”, disse Tholen. “Precisamos rastrear este asteroide com muito cuidado.”
Em abril de 2029, espera-se que o Apophis se aproxime da Terra em uma distância suficiente para que mais detalhes sejam observados, pois estará visível a olho nu. O momento, tido como crítico pela equipe de pesquisadores, deverá fornecer condições suficientes para estudar a trajetória futura da rocha e poder contornar possíveis situações emergenciais em 2068.