Ciência
01/02/2021 às 04:00•2 min de leitura
A Groenlândia, ex-colônia dinamarquesa que é rica em minérios e tem grande parte do território coberto por uma camada de gelo, passa por problemas. Uma boa fatia dessa superfície está derretendo a níveis ainda mais alarmantes do que o normal — e, por vários anos, cientistas não encontravam uma explicação para o fenômeno.
A região mais crítica desse derretimento ficou conhecida como Zona Escura, pois lá o gelo adquire uma coloração diferente do branco tradicional. Ela se concentra em toda a costa oeste da Groenlândia e, caso continue expandindo, pode contribuir ainda mais para o aumento do nível do mar.
O problema? A região não para de crescer e, ao menos até agora, pesquisadores simplesmente não sabiam determinar a causa do surgimento dessa área tão peculiar e como a cor está relacionada com as mudanças climáticas.
Cientistas da Universidade de Leeds, na Inglaterra, descobriram o porquê de o gelo adquirir tons de cinza. Segundo os pesquisadores, o problema está em algas que vivem na região e envolve dois fatores que atuam juntos.
As algas Ancylonema nordenskioeldii vivem em ambientes congelados e normalmente ficam em estado dormente. Porém, quando a superfície começa a derreter em períodos mais quentes do ano, elas começam a surgir acima do nível do gelo.
A exposição dessas algas à luz solar durante todo o dia acaba ativando uma proteção natural, que torna a sua coloração acinzentada e capaz de absorver mais calor.
O fósforo, bastante necessário para o organismo dessas algas, seria outro responsável por não refletir tanta luz. Ele é obtido pelas algas a partir de rochas que também são reveladas pelo derretimento da superfície de gelo, criando um ciclo: mudanças climáticas fazem as algas aparecerem, gerando também o surgimento das rochas com fósforo, que aumenta ainda mais a população das algas.
A perspectiva dos pesquisadores é pessimista: como as alterações climáticas contribuem para a desaceleração do derretimento, esse processo está em expansão, com as algas aparecendo em uma área cada vez maior da costa oeste do local.
Para chegar à conclusão, eles analisaram amostras de uma área de 1,7 milhões de km² durante dois anos. A pesquisa agora vai para uma etapa de previsão para determinar o avanço do derretimento do gelo da Groenlândia, o que pode ajudar na criação de planos de contenção e monitoramento.