Saúde/bem-estar
23/02/2021 às 12:00•2 min de leitura
Algumas pessoas têm esses adoráveis animais que rastejam como pets, mas a maioria de nós prefere tomar cuidado com cobras. Isso porque elas podem morder e muitas têm venenos poderosos, que podem até matar uma pessoa adulta. Por mais que nos prevenimos contra as mordidas das cobras, será que nós podemos ser atingido por veneno mesmo sem chegar perto do bicho?
A resposta é: sim. Existem cobras que cospem substâncias para envenenar quem nem encostou nelas. O jorro ameaçador pode chegar a até 2,5 metros de distância e causar uma dor intensa em quem for atingido pelo líquido.
Contudo, antes de ficar com medo, saiba que as espécies mais comuns de serpentes cuspideiras estão na África e na Ásia. Mas o mais interessante disso tudo é motivo pelo qual as cobras jorram veneno à distância: a ideia não é abater presas, mas se defender de ameaças de humanos — sim, nós mesmos. Essa, aliás, é uma descoberta recente da ciência.
Em artigo divulgado em fevereiro de 2021 pela revista Science, uma dupla de cientistas da Universidade de Queensland (Australia) relatou que algumas espécies de serpentes africanas e asiáticas evoluíram para cuspir veneno em humanos que as ameaçam.
O líquido tem destino certo: o rosto e os olhos do oponente, com objetivo de causar um grande sofrimento e neutralizar o ataque. O veneno atua diretamente nos mecanismos relacionados à dor, podendo até levar à cegueira — suas toxinas são muito mais efetivas que aqueles presentes nos venenos de cobras que não cospem. Também há diferenças anatômicas nas presas que permitem o lançamento do veneno.
“É intrigante pensar que nossos ancestrais podem ter influenciado a origem dessa arma química defensiva nas cobras”, afirma o pesquisador Nick Casewell, que participou do estudo. O artigo mostra que o veneno parece ter sido “projetado” para humanos.
Outro detalhe intrigante desse estudo é que dois dos co-autores não são biólogos especialistas em cobras, mas sim pesquisadores da dor.
Irina Vetter e Sam Robinson aproveitaram as informações sobre os venenos para entender como a dor é acionada em níveis moleculares — assim, eles podem identificar possíveis alvos terapêuticos para remédios.