Saúde/bem-estar
03/03/2021 às 05:00•2 min de leitura
Uma carta da época do Renascimento que estava selada desde o século XVII finalmente teve o conteúdo revelado. E o processo foi o mais cuidadoso possível: graças a uma tecnologia de outra área, os pesquisadores responsáveis conseguiram acessar todo o conteúdo sem precisar danificar o material ou remover o lacre.
O trabalho foi realizado pelo Unlocking History Research Group, um grupo de pesquisa da Queen Mary University, em Londres, dedicado a estudar correspondências históricas, que agora tem um método aprimorado que deve acelerar bastante os trabalhos dos pesquisadores.
O segredo para ler a carta sem precisar quebrar o selo original veio do campo médico. A equipe pegou emprestado um scanner de raios X do setor de Odontologia da mesma universidade, usado originalmente para microtomografias computadorizadas.
Além de ser utilizado em seres humanos, esse equipamento pode ser aplicado para criar modelos 3D de objetos frágeis, como fósseis, permitindo o estudo em vários ângulos. Porém, ele nunca havia sido aplicado em cartas — e se mostrou perfeito para esse caso.
Uma animação que mostra o processo de leitura digital do modelo em 3D.
Combinado com um algoritmo, o scanner em 3D é capaz de identificar traços de tinta com alta precisão, permitindo a reconstrução das frases mesmo com o documento dobrado ao realizar a manobra digitalmente. A partir de um processo digital, é possível "desembrulhar" a carta e ler o conteúdo na íntegra.
A primeira carta que foi lida com sucesso pela equipe foi o documento batizado de DB-1627. Essa correspondência foi escrita em 31 de julho de 1697 por um professor de Direito chamado Jacques Sennacques, endereçada ao seu primo, Pierre Le Pers. O conteúdo é um pedido de documentos de óbito de um parente, possivelmente para a realização de burocracias ou herança, e a carta não foi entregue ao destinatário por um motivo ainda desconhecido.
O baú contendo cartas nunca entregues finalmente pode ser desvendado.
A correspondência faz parte de um baú que pertence ao museu postal da Holanda, em Haia, e agora outras cartas armazenadas no local devem ser desvendadas.