Ciência
17/05/2021 às 05:00•2 min de leitura
O desastre nuclear de Chernobyl em 1986 foi uma verdadeira tragédia humanitária. Na época, a explosão de um dos reatores da usina causou a morte imediata de 100 pessoas, enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) reportou que mais de 4 mil pessoas foram vítimas da radiação espalhada pela Europa até 2005.
Por outro lado, inusitadamente o acontecimento acabou se tornando um verdadeiro caso de sucesso para o meio ambiente. A cidade de Pripyat, construída exclusivamente para servir a usina nuclear, foi totalmente evacuada e uma zona de exclusão foi estabelecida. Com bordas montadas em torno de uma área de 30 km de raio a partir dos restos da explosão, a natureza teve tempo e espaço para se restaurar.
(Fonte: G Meyer/Unsplash)
Colocando em perspectiva os efeitos imediatos do acidente nuclear de Chernobyl, é difícil acreditar que o acontecimento tenha se tornado algo bom para a natureza. Mais de 400 hectares de pinheiros foram mortos imediatamente após o desastre, e a flora e a fauna ao redor — bem como todas as fontes de água próximas — também foram altamente contaminadas.
Entretanto, agora 35 anos após o incidente, a zona de exclusão parece ter passado por uma transformação selvagem. Apesar dos graves danos causados ao ecossistema no ano da explosão, a biodiversidade da área aumentou rapidamente nas últimas três décadas e espécies raras de animais como o lince e o vulnerável bisão europeu ressurgiram na região.
Na parte bielorrussa da zona de exclusão, os pesquisadores descobriram que as populações de javalis, alces e veados cresceram 10 anos após o desastre, enquanto a quantidade de lobos aumentou em sete vezes. Espécies como o cavalo-de-Przewalski, um cavalo raro e ameaçado de extinção nativo da Ásia Central, foram até mesmo liberadas deliberadamente na área como parte dos esforços de conservação.
(Fonte: Michal Lis/Unsplash)
Por outro lado, ainda não se sabe ao certo quão saudáveis esses animais são. Sem capacidade de coletar informações da área no momento, cientistas acreditam que as criaturas possam sofrer efeitos negativos da exposição à radiação nuclear a longo prazo.
Enquanto as populações de mamíferos parecem estar bem, pesquisas mostram que o trigo, centeio, aveia e cevada cultivados perto da área ainda estão contaminados. Quase metade de todas as amostras examinadas por cientistas da Universidade de Exeter e do Instituto Ucraniano de Radiologia Agrícola continham níveis ilegais de isótopos radioativos.
Apesar de a zona de exclusão ter se tornado cada vez mais aberta ao turismo, especialistas acreditam que ainda deve demorar cerca de 20 mil anos até que os seres humanos possam habitar a região do acidente nuclear novamente sem grandes riscos à saúde.