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29/06/2021 às 12:00•2 min de leitura
Provavelmente, o primeiro contato com o "medo das máquinas" surgiu com a Revolução Industrial, que aconteceu na Europa no final do século XVIII e início do século XIX, marcando a primeira substituição do homem pelo maquinário. Ainda que tenha beneficiando a sociedade em aspectos de evolução e impulsionado a máquina do capitalismo para a produção em larga escala, também significou o primeiro afastamento da necessidade do homem no processo.
A ideia de uma "rebelião das máquinas", com inteligências artificiais podendo tomar conta da Terra e subjugar seus próprios criadores, surgiu pela primeira vez no romance de 1818 da autora Mary Shelley, Frankenstein. Nele, Victor pondera se, ao acatar o pedido de seu monstro e lhe conceder uma esposa, eles seriam capazes de se reproduzir e sua espécie causar a ruína dos seres humanos.
(Fonte: Sainte Anastesie/Reprodução)
Foi diante desse medo de cenário apocalíptico hipotético que surgiu a Síndrome de Frankenstein, caracterizada pelo pânico de que uma criação feita pelo ser humano se volte contra seu criador e decida destruir a humanidade.
Citada pela primeira vez em 1995, no livro The Frankenstein Syndrome: Ethical and Social Issues in the Genetic Engineering of Animals, de Bernard E. Rollin, todo o conceito da síndrome é pautado na rejeição e complexo de inferioridade que essa inteligência artificial poderia sofrer ao viver em sociedade, sendo que seria exaltada por muitos e rechaçada por tantos outros que desprezam coisas novas, especialmente as que os afetam diretamente. Do ponto de vista psicanalítico, seria comum que essa nova mente pensante se rebelasse ao enfrentar esse tipo de sociedade polarizada.
(Fonte: Horrory/Reprodução)
A "tecnofobia" é o medo da tecnologia moderna, que evoca o conceito de "guerra cibernética", temendo desde a clonagem até a falta de privacidade em redes sociais e a modernização do cotidiano.
Além de as pessoas sofrerem com esse medo, a Síndrome de Frankenstein causa um profundo sentimento de inadequação social, empurrando o indivíduo para um ostracismo, visto que ele não consegue se relacionar com nada que vê no mundo fora de sua bolha.
A pessoa acaba não se sentindo parte nem da própria família, desenvolvendo um mecanismo de defesa ao criar uma espécie de armadura que responde a qualquer um com pura violência e agressão.
(Fonte: Daily Mail/Reprodução)
Por sua vez, o portador da síndrome se coloca no prisma de vítima, rejeitada e intolerável, assumindo o papel de "monstro" da situação e projetando no outro a própria frustração.
Segundo a psicóloga Bernizete Gouveia, a síndrome pode nascer ainda na infância através de agressões físicas e psicológicas. O caminho da cura é tentar fazer a pessoa se sentir convidada e aceita no meio social, deixando que as demais portas ela abra por conta própria.