Ciência
04/07/2021 às 07:00•2 min de leitura
Jack Parsons foi chamado de louco pela mídia antes mesmo de receber o título de gênio por seu pioneirismo no desenvolvimento de foguetes nos Estados Unidos. Nascido em 2 de outubro de 1914, em Los Angeles, ele começou seus experimentos no quintal de casa, construindo foguetes à base de pólvora com apenas o conhecimento do ensino médio concluído.
No entanto, Parsons não demorou para reunir mais pessoas em seu projeto, como seu amigo de infância Ed Forman e seu vizinho Frank Malina, formado no Instituto de Tecnologia da Califórnia. No final da década de 1930, eles já eram o "Esquadrão Suicida", como se autodenominaram, com a genialidade de Parsons para criar combustíveis para foguetes.
No início de 1940, Malina foi até a Academia Nacional de Ciências para obter financiamento para estudar a propulsão a jato. Três anos depois, o Esquadrão Suicida virou Corporação de Engenharia de Jato Aéreo (Aerojet), e teve seu trabalho oficializado pelo Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
(Fonte: Frieze/Reprodução)
Contudo, a genialidade de Parsons não foi o suficiente para desviar atenção de sua vida pessoal, e ele se viu em meio a um escândalo. Enquanto desenvolvia métodos científicos para ajudar a colocar homens na Lua, ele participava de reuniões da Ordo Templi Orientis (OTO), liderada pelo controverso e notório ocultista britânico Aleister Crowley.
Crowley era conhecido por ser um magista que pregava que o ser humano deveria basear suas crenças em satisfazer desejos pessoais, comungar com o Demônio, e realizar rituais de cunho sexual para transcender.
Aleister Crowley. (Fonte: Pinterest/Reprodução)
Quanto mais Parsons crescia dentro da NASA, mais envolvido com as artes obscuras ele ficava, chegando a ser nomeado líder da OTO na Costa Oeste no início da década de 1940. O engenheiro usou o próprio dinheiro para comprar uma mansão em Pasadena, onde pôde fazer suas aventuras sexuais, como se relacionar com a irmã de 17 anos de sua esposa e realizar orgiais ritualísticas.
Segundo a esposa de Frank Malina, o local era como "entrar em um filme de Fellini, com mulheres andando peladas em togas, com maquiagens esquisitas e algumas vestidas de animais silvestres".
(Fonte: Linda Hall Library/Reprodução)
Enquanto os amigos de Parsons ignoravam esse lado doentio de sua vida, o governo dos EUA não conseguiu fazer o mesmo. O Departamento Federal de Investigação (FBI) passou a ficar de olho na vida do homem, descobrindo atividades que classificou como "um risco para a segurança nacional".
Em 1943, Parsons recebeu tudo o que tinha por sua contribuição na Aerojet e foi expulso do campo de estudos que criara. Esse momento foi marcado pela derrocada dele, embrenhando-se cada vez mais no ocultismo. Ele perdeu dinheiro em rituais supérfluos para invocar entidades e foi considerado "um tolo fraco" por Crowley.
No final da década de 1940, com o FBI ainda em seu encalço com as atividades estranhas que realizava, Parsons direcionou sua experiência com explosivos para o ramo do cinema, voltando às raízes de brincar com fogo no quintal de casa.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Em 17 de junho de 1952, enquanto trabalhava com os explosivos em seu laboratório, ocorreu uma detonação não planejada que destruiu o local e matou Jack Parsons imediatamente. Ele foi encontrado com os ossos quebrados, um antebraço direito faltando e metade do rosto quase arrancado.
Enquanto o governo garantia que foi um acidente, os amigos de Parsons afirmaram que ele jamais teria cometido qualquer tipo de erro que pudesse causar um acidente, deixando no ar que talvez o FBI tenha se livrado dele devido aos seus envolvimentos secretos.
A mídia, por outro lado, especulou que talvez fossem as forças malignas reivindicando a alma dele, após vendê-la pelo sucesso que só o fez se perder no meio do caminho.