Ciência
06/08/2021 às 06:00•3 min de leitura
Há pouco mais de 58 anos, em 5 de agosto de 1963, os Estados Unidos, a União Soviética e a Grã-Bretanha assinaram o Tratado de Interdição Parcial de Testes Nucleares (o "pouco mais" fica por conta do redator (eu), que atrasou esta pauta que era para ter saído ontem).
Bem, mas o importante é que esse documento, também chamado de Tratado de Moscou, proíbe a realização de testes com armas nucleares na atmosfera, sob a água e no espaço. Na prática, só poderiam ser feitos testes no subsolo.
Depois dos três primeiros países assinarem, outros também puderam assinar o Tratado em Moscou, Londres ou Washington. A maioria dos países do mundo fez isso, com algumas exceções notórias, como França, China e Coreia do Norte. Ainda assim, isso não significa que as bombas nucleares não existam mais — elas estão por aí e testes ainda são realizados.
As bombas nucleares — também chamadas de bombas atômicas — foram usadas em guerras duas vezes na história: em Hiroshima e Nagasaki. Além de destruir as cidades e matar entre 130 e 230 mil pessoas na hora, a radiação liberada pelas bombas fez muitas vítimas nos meses e anos seguintes. Só isso já é um bom motivo para não querer mais armas como essas.
Porém, com o fim da Segunda Guerra Mundial, começou a Guerra Fria — com o constante temor de um conflito armado entre as superpotências capitalistas e comunistas. Nesse contexto, os Estados Unidos fizeram mais de 160 testes com armas nucleares, a União Soviética começou a preparar as suas e a Grã-Bretanha não quis ficar para trás.
Em meados dos anos 1950, o mundo todo já estava com medo desse arsenal, pois dizia-se que a Terra inteira poderia ir pelos ares. A bomba mais potente da história (já falamos sobre ela aqui) tinha 3 mil vezes mais força do que a de Hiroshima, e a onda de choque causada por sua detonação deu a volta 3 vezes na Terra, sendo sentida em todo o planeta.
Mais ou menos nesse período, os Estados Unidos detonaram dezenas de bombas em ilhas no Oceano Pacífico. O Atol de Bikini se tornou um dos maiores símbolos disso: ele é inabitável e 10 vezes mais radioativo do que a zona proibida de Chernobyl até hoje. Esses testes trouxeram a radiação e suas doenças até para quem morava nas ilhas próximas.
Para fim, tivemos a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962 — quando a briga entre EUA e URSS quase aconteceu mesmo, e o mundo inteiro ficou naquela situação extremamente preocupante. A corrida armamentista e nuclear precisava ser freada.
Imagem: BBC/Reprodução
Depois do Tratado de Moscou, de 5 de agosto de 1963, outros acordos foram assinados para diminuir o número de bombas atômicas no mundo. O Pacto de Não Proliferação Nuclear, por exemplo, fez que os países nucleares se comprometessem a diminuir seus arsenais, com a condição de que os outros países não desenvolvessem armas do mesmo tipo.
Desse modo, o número de bombas atômicas diminuiu bastante em todo o mundo: de mais de 70 mil para cerca de 13 mil, a maior parte nas mãos dos Estados Unidos e da Rússia. Entretanto, "só" essas bombas já são o suficiente para matar milhões de pessoas e prejudicar bilhões (pois é!) com sua radiação. Por isso, há muitas campanhas para acabar com todo o arsenal.
No entanto, essas questões são bastante complexas. Para começar, a própria existência de bombas por todos os lados é uma garantia de que nenhum país vai detonar as suas — todo mundo será prejudicado. Mas e se alguém detonar uma bomba por engano, como no caso de uma ameaça falsa, por exemplo? Na era das fake news, isso é uma grande preocupação.
O problema é que novas forças podem querer entrar nesse contexto, como é o caso da China. Agora mesmo, no início de agosto de 2021, pesquisadores estadunidenses observaram silos para guardar bombas nucleares em desertos no interior do gigante asiático. Eles estimam que os chineses podem guardar entre 200 e 350 bombas lá.
Todos sabiam que a China tinha uma ou outra arma nuclear, mas a nova descoberta faz pensar que o país está aumentando seu arsenal. Porém, os Estados Unidos também não são santos nessa história aí: cerca de US$ 2 bilhões serão investidos nas próximas 2 décadas para modernizar as bases de mísseis nucleares do país. Há um grande lobby da indústria bélica e de políticos de estados onde ficam essas bases nucleares.
Atualmente, sabe-se que 9 países têm armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. O Irã mexeu com energia nuclear nos últimos anos e, mesmo jurando que era tudo "na paz", sofreu sanções dos Estados Unidos e da Europa, mas se todos os países mantiverem suas bombas nucleares bem guardadas, está tudo bem.