Ciência
30/08/2021 às 06:30•2 min de leitura
Com aproximadamente 9.200.000 km² de extensão, o Saara, considerado o maior deserto do planeta, se destaca por ser uma região inóspita e árida, com precipitação anual entre 35 e 100 milímetros de chuva e uma elevada amplitude térmica, variando entre 50 °C durante o dia e -10 °C durante a noite. Mas nem sempre o local deteve essas propriedades, e novos estudos estão reconstruindo o que o Saara era há milhares de anos.
Pesquisadores da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e das universidades de Columbia e do Arizona, nos Estados Unidos, se aprofundaram nos estudos sobre a época do “Saara verde”, datada de 10 mil anos atrás. Essas pesquisas tiveram como base a análise de sedimentação marinha para a compreensão do padrão de chuvas, e indicaram que, anteriormente, a frequência de chuvas era cerca de 20 vezes mais intensa que atualmente, registrando médias superiores em quase 2 mil milímetros.
A divergência entre os padrões seria motivada pela existência de uma vegetação semelhante à do Senegal, país na costa oeste da África, mais especificamente no Sahel, faixa de 5,4 mil km de extensão e protegida por um cinturão verde de flora altamente diversificada. Dessa forma, as condições essenciais de vida permitiam que a região fosse habitada por gnus e gazelas, além de ter pastagens na porção norte da Mauritânia.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Além disso, evidências fósseis deixadas por assentamentos humanos exibiam, em pinturas rupestres, imagens de girafas e registros de grandes faunas, como savanas, pradarias e bosques. Aparentemente, crocodilos, elefantes e hipopótamos viviam na região, e também peixes de diversas espécies.
Há cerca de 9 mil anos, quando o Sol do verão contribuiu com a desertificação do Saara, no fim do período Glacial, o deserto viu o fortalecimento das chuvas de monções e o aumento da precipitação, mas a um preço que logo intensificaria a aridez. Muitos cientistas concordam que um fenômeno cíclico de maior ou menor insolação tenha transformado a área verde em desértica subitamente, em um dramático fenômeno de mudança climática.
Em contrapartida, estudos mais recentes sugerem que a ação humana foi determinante para a desertificação do Saara, em especial após o surgimento do primeiro pastoreio, que resultou na retirada da camada de vegetação e no consequente efeito de reflexo de luz (albedo), interferindo diretamente nas condições climáticas, há 6 mil anos.