Artes/cultura
07/09/2021 às 08:00•2 min de leitura
Desde a Grécia Antiga, vários pensadores e estudiosos vêm "quebrando a cabeça" na tentativa de entender o funcionamento do processo reprodutivo das enguias. Hoje, mesmo com a certeza de que o peixe vive em quantidades abundantes do planeta, com mais de 800 espécies medindo de 5 centímetros a 4 metros de extensão, pouco se sabe sobre o nascimento de filhotes ou como o corpo dos longos animais opera para trabalhar sem acasalamento.
Para entender o nascimento das enguias, estudiosos tiveram que repensar todas as principais teorias formuladas durante a história, resgatando conceitos aristotélicos que sugeriam um nascimento espontâneo da lama, ou romanos, indicando que o atrito de enguias sobre as rochas causava uma proliferação natural. Porém, apesar dessas histórias soarem como uma exagerada geração espontânea, amplamente defendida por Anaximandro de Mileto e outros pensadores da Grécia Clássica, pesquisas modernas tomaram um caminho diferente e partiram para observações sobre a anatomia do animal e desenvolvimento de estágios de vida dele.
Como as dissecações realizadas não revelaram a existência de ovos, os pesquisadores rastrearam o movimento dos peixes e concordaram que enguias americanas e europeias viajam milhares de quilômetros pelo oceano para desovar nas condições propícias do Mar dos Sargaços, nas proximidades do Triângulo das Bermudas. De lá, milhares de larvas de 3 milímetros de comprimento seguem caminhos migratórios para a América do Norte e Europa, onde estabelecem ninhos após um dos percursos mais longos da história, com cerca de 6,5 mil quilômetros de percurso.
(Fonte: PBS / Reprodução)
Além dessa ida e volta periódica, os estágios de vida da enguia são bem curiosos e chamam atenção por serem completamente distintos um do outro, visto que cada fase parece pertencer a uma espécie diferente. Das Bermudas, os peixes saem como larvas e crescem cerca de 45 milímetros quando encerram sua rota, ganhando uma aparência translúcida que se assemelha a vidro. A partir de então, são capazes de reter mais sais e manter níveis adequados no sangue.
Na terceira fase, as enguias se transformam em enguias-de-vidro opacas e dedicam essa etapa à alimentação, mantendo uma dieta onívora para evoluir e atingir o estágio de enguia-amarela, onde cresce cerca de 80 centímetros e desenvolve órgãos sexuais. É então que todo o conhecimento científico se encerra, e a partir da última etapa de vida nada mais faz sentido para os pesquisadores, que descartaram recentemente a possibilidade de uma "nuvem de esperma" semelhante à polinização para fertilizar ovos livres.
Séculos de estudos não revelaram sequer um único ovo de enguia, nem apresentaram imagens ou relatos sobre acasalamento na natureza. Sem condições de rastrear as rotas das enguias até seu "palácio remoto", os projetos continuam investindo nesse misterioso grupo, que parece guardar um importante segredo sobre a criação da vida.