Estilo de vida
14/09/2021 às 04:00•2 min de leitura
Diversas espécies do reino animal se destacam na natureza por terem particularidades incrivelmente distintas, com algumas delas sendo até mesmo incompreensíveis para especialistas. Assim, uma dessas individualidades que mais chamam atenção é a capacidade dos escorpiões de brilharem no escuro, artifício similar a uma camuflagem, porém adaptado para reagir às variações de luz.
A capacidade de brilhar quando exposto à luz UV, característica presente nas diferentes espécies e em fósseis com 430 milhões de anos, é um talento do escorpião que até hoje intriga a comunidade acadêmica. Em meio a muitos estudos e várias observações, cientistas conseguiram chegar a algumas conclusões sobre a origem do fenômeno e sua importância para a adaptação das espécies em ambientes com risco de predação.
Segundo o professor Carl Kloock, de Biologia na Universidade Estadual da Califórnia (Bakersfield, Estados Unidos), o misterioso brilho fluorescente emitido sob luz ultravioleta seria um mecanismo rudimentar que julgaria a intensidade do brilho do luar e de estrelas. Assim, o animal poderia decidir se as condições fora de sua toca são ideais para ele sair com segurança, já que quanto mais luz emitida houver, maiores são as chances do invertebrado ser detectado por inimigos devido às reações de próprio corpo.
(Fonte: iStock / Reprodução)
Ao longo de mais de 10 anos de pesquisa, Kloock realizou uma série de experimentos com escorpiões e os colocou em situações propícias para a atração de presas. De início, o biólogo acreditou que a particularidade era um traço ancestral sem função específica no organismo, supostamente um protetor solar natural herdado muito antes da camada de ozônio terrestre existir, mas os testes mostraram que a habilidade pode estar impactando na sobrevivência do animal.
Em vez de utilizarem a camuflagem natural, os escorpiões apresentam características fluorescentes, geradas por uma quantidade limitada de pigmentos presentes no organismo. Essas partículas, então, seriam degradadas com o tempo e a intensidade do brilho, bem como serviriam para demarcar uma região, ajudando na geolocalização e contribuindo para a identificação de indivíduos próximos.
Porém, essa segunda teoria acabaria indicando um malefício em vez de benefício, e estudos realizados com cerca de 15 espécimes apontaram que menos moscas eram atraídas por escorpiões que estavam em sua capacidade máxima de brilho, sugerindo que a exposição à luz UV os torna mais facilmente detectáveis por potenciais presas.