Ciência
17/12/2021 às 02:00•2 min de leitura
Ao longo de seus 4,54 bilhões de anos de vida útil, é difícil encontrar os impactos que a Terra sofreu durante esse tempo. Claro, existem diversas crateras de alguns grandes eventos meteorológicos, porém a constante mudança do planeta, com seu tectonismo de placas e atividade vulcânica, acabou apagando muito dessas cicatrizes milenares.
Por outro lado, podemos usar a Lua para imaginar como pode ter ficado a aparência da superfície do nosso planeta. Visto que não há água correndo na superfície da Lua, tampouco ventos para mover as coisas, o satélite natural fez um ótimo trabalho de preservação desses impactos.
É isso que sugere o Intenso Bombardeio Tardio (IBT), mais conhecido como cataclismo lunar, uma hipótese que os cientistas pensam ter acontecido há cerca de 4,1 a 3,8 bilhões de anos, em um período correspondente às eras Neohadeana e Eoarquiana na Terra.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Conforme aponta a hipótese, durante este intervalo, um número imenso de asteroides teria colidido com os primeiros planetas terrestres no Sistema Solar interno, incluindo Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, bem como a Lua, que ainda carregam os sinais do aumento das colisões através das crateras que pontilham sua superfície.
Essa ideia surgiu quando os astronautas da Apollo voltaram à Terra com algumas rochas lunares que, ao serem examinadas, os cientistas do Instituto de Ciência Lunar da NASA, no Centro de Pesquisas Ames (Califórnia), descobriram assinaturas químicas de diferentes meteoritos que indicam que os impactos aconteceram há cerca de 3,8 a 3,9 bilhões de anos, em velocidades muito mais altas do que aquelas que fizeram crateras mais antigas na Lua.
Os pesquisadores encontraram evidências que apoiam este cenário também examinando a história da formação das crateras lunares, que conseguiram estimar a época em que esses materiais atingiram a superfície e a marcaram. O que impulsiona a ideia desse bombardeio, é que as pessoas encontraram meteoritos quase idênticos aos que os astronautas trouxeram. Quando foram estudados, nenhum deles tinha mais que 3,9 bilhões de anos, o que significa que provavelmente todos vieram do mesmo lugar ao mesmo tempo.
(Fonte: Earth Blog/Reprodução)
Acredita-se que o IBT tenha sido o fenômeno chave para o fornecimento de água à Terra, visto que os modelos mostram que, quando o planeta se formou, estava quente demais para reter o líquido vital, portanto a água deve ter sido fornecida por outros meios.
Se no passado pensava-se que os cometas eram uma fonte significativa de água para o planeta, tudo sugere que os movimentos iniciais de Urano e Netuno poderiam ter agitado os destroços no sistema solar externo, e os cometas ricos em gelo poderiam ter depositado água na superfície da Terra, enquanto a atmosfera do planeta evitou que evaporasse.
(Fonte: LiveScience/Reprodução)
Apesar de atualmente os asteroides terem bem pouca água, há 3,8 bilhões de anos eles deveriam conter muito mais, por isso são os suspeitos prováveis de fornecer água ao planeta, também transportando material orgânico para a superfície terrestre ao colidirem durante o IBT.
E, ainda que os corpos rochosos fossem sinônimo de aniquilação por conterem cerca de 40 quilômetros de diâmetro, os estudos indicam que a vida ainda poderia ter sobrevivido, ou mesmo florescido, na forma microbiana.
Mesmo nas condições mais extremas que a Terra enfrentou, os micróbios subterrâneos cresceram à medida que seus habitats aumentaram, graças aos impactos.