Ciência
29/01/2022 às 10:00•2 min de leitura
Você já se pegou conversando consigo dentro da sua cabeça? Imaginando um filme na sua mente a partir de um relato contado a você? Estabelecendo diálogos, falando mentalmente ou tecendo comentários sobre algo que está assistindo, lendo ou vendo?
O pensamento não é algo tangível como as emoções, por exemplo. Ele é uma percepção do nosso consciente, tendo início no córtex cerebral, local onde ocorre o processamento neural mais sofisticado e distinto. Complexo e misterioso, ele foi fruto de muita pesquisa e estudo ao longo dos anos.
(Fonte: Iberdrola)
Para Sigmund Freud, o "pai da psicanálise", o pensar tem ligação direta com o nosso sistema psíquico. Em sua teoria, ele dividiu a mente humana em três partes: a consciência, a pré-consciência e o inconsciente.
De modo geral, a mente desenvolve os pensamentos em um sistema intrincado de linguagem, baseado em imagens, ou seja, falar em pensamento humano é, necessariamente, falar em linguagem, semântica e sintaxe.
Ainda que não seja palpável, os pensamentos nascem de uma parte física: a rede neural que se comunica, passando informação de um a outro por meio de sinapses elétricas ou químicas — e é justamente esse "navegar" de informações que consideramos a manifestação física dos nossos pensamentos.
Todas essas reações são tão rápidas que, estima-se, aconteçam em cerca de 300 milissegundos antes do pensamento se tornar algo consciente.
(Fonte: Grupo Recanto)
Em 2014, Malgorzata Puchalska-Wasyl, psicóloga polonesa, conduziu uma pesquisa em que entrevistou 94 pessoas, com o objetivo de identificar os interlocutores interiores — nome pelo qual são chamadas as partes da nossa mente com as quais debatemos para tomar decisões.
Nessa pesquisa, Puchalska-Wasyl conseguiu identificar quatro "personalidades" para as nossas "vozes", que seriam: o amigo confiante, a mãe ambivalente, o rival orgulhoso e a criança indefesa. Cada uma delas agiria e "argumentaria" de maneira própria, estimulando, questionando, provocando ou até gerando piedade.
Acontece que as "vozes" e os "diálogos" existentes apenas no universo da sua cabeça não são tão comuns quanto se possa imaginar. Ainda que a parcela de pessoas que afirme ter pensamentos verbais em algum momento da sua vida seja de 90%, para apenas 17% essa é a forma dominante de pensamento.
(Fonte: Livros para ler)
As pesquisas sobre o pensamento também identificou um grupo chamado de afantásicos, que engloba as pessoas com imaginação cega, uma condição mental cuja característica principal é a incapacidade de visualizar imagens mentais.
Estudos indicam que 0,7% da população mundial seja afantásica e 2,6% seria hiperfantásica, ou seja, estabeleceriam imagens mentais de absolutamente tudo. Isso, na prática, significa que a maioria de nós está situado entre um desses dois extremos.
É importante frisar que a afantasia não constitui um problema, devendo ser encarada como uma particularidade. É como se fosse um app mental que algumas pessoas teriam, enquanto outras não. Ficou curioso para descobrir se você é afantásico? No site aphantasia.com, você tem acesso a um quiz em que você pode descobrir se sua suspeita tem fundamento.
As questões farão você pensar a nitidez de suas imagens mentais — por exemplo, tentar imaginar um objeto e definir se vê apenas sua silhueta ou uma imagem cristalina, com cores vivas. Faça o teste e depois nos conte.