Ciência
19/04/2022 às 13:00•2 min de leitura
Segundo a Solo Science, a substituição dos tênis ou sapatos é muito importante para manter uma boa saúde dos pés, evitando dor, disfunções e estresse nas articulações inferiores, incluindo tornozelo, joelhos, quadris e a coluna.
Estima-se, como regra geral, que uma pessoa deve trocar seu tênis casual a cada 8 ou 12 meses de uso, ou a cada 700 quilômetros percorridos em caso de tênis de corrida. Mas obviamente que a maioria das pessoas não faz isso, visto que basta olhar o valor dos tênis atualmente no Brasil. Em média, um sapato bom e de marca confiável custa no mínimo R$ 200, um preço que nem todos podem se dar ao luxo de gastar em um tempo tão pequeno.
Além disso, para muitos, a vida útil de um tênis só começa a terminar quando apresenta sinais de desgastes que podem torná-lo esteticamente feio ou desconfortável, como rasgos e furos.
No entanto, esse pensamento era muito diferente em meados do século XX, sobretudo com o surgimento de uma máquina que não só alavancou o mercado de sapatos, como proporcionou uma espécie de entretenimento para os clientes ávidos pelo encanto da tecnologia.
(Fonte: Syracuse/Reprodução)
Não foram só os soldados que deitaram na maca dos hospitais de campanha durante a Primeira Guerra Mundial que se beneficiaram da engenhoca construída por Marie Curie: as máquinas de raio-X portáteis.
Na década de 1920, os clientes que ainda não estavam preparados para trocar de sapatos e aqueles que queriam um que ficasse no tamanho certo de seu pé, passaram pelo fluoroscópio. Pensando em atrair mais clientes, os comerciantes de sapatos acertaram quando decidiram instalar em suas lojas a máquina que “escolheria” o melhor sapato ou o ajustaria, afinal, as pessoas daquela época achavam genial que a tecnologia facilitasse algum aspecto de sua vida.
Para isso, era necessário que a pessoa subisse em uma plataforma e posicionasse seus pés em uma grande caixa de madeira onde um gerador de raios X produzia um feixe de radiação que "escaneava" os pés dos clientes através dos sapatos.
(Fonte: Antiquated Antidotes/Reprodução)
O fluoroscópio foi uma tacada de marketing certeira do mercado para fazer as pessoas lotarem as lojas e adquirirem novos sapatos apenas para terem o prazer de passar pela máquina, que não era muito boa, tampouco proporcionava um ajuste preciso, mas desempenhava bem seu papel em deslumbrar o público-alvo.
O equipamento também se aproveitou da tendência da "maternidade científica", um movimento do início do século XX que fez as mulheres se educarem mais sob os holofotes da ciência para poderem criar seus filhos de maneira mais saudável. Não é para menos que a industrialização colocou o fluoroscópio cada vez mais nos departamentos feminino e infantil das lojas, onde as vendas eram mais pesadas.
(Fonte: Click Americana/Reprodução)
Demorou até 1948, já entrando no período atômico dos Estados Unidos, para que cientistas começassem a estudar o quanto o fluoroscópio emitia de radiação, visto que os malefícios de se esbanjar nessas ondas eletromagnéticas começavam a ser levado a sério pelo mundo.
Uma pesquisa feita em Detroit, no Michigan (EUA), indicou que 43 em cada 200 máquinas estavam emitindo cerca de 75 R de radiação por minuto, uma taxa extremamente alta, podendo causar várias doenças a longo prazo.
(Fonte: Flickr/Reprodução)
Assim que avisos sobre os perigos foram colocados no equipamento, a empolgação e opinião dos clientes sobre usá-lo azedou vertiginosamente. Nenhuma mãe queria deixar seu filho se aproximar de uma máquina que poderia causar câncer.
Sem público, aos poucos os comerciantes foram se livrando do fluoroscópio, até que os estados começassem a proibir o uso, a começar pela Pensilvânia, que o fez em 1960.
Até o final de 1970, o equipamento que havia sido uma obra comercial, foi parar em lixões, brechós e porões, se tornando apenas história e um item de temor.