Artes/cultura
11/12/2022 às 11:00•3 min de leitura
A característica principal sobre estar vivo é envelhecer. o envelhecimento está ocorrendo em um nível celular a todo o momento, e isso acontece porque as células estão programadas para se dividirem, multiplicarem e realizarem funções biológicas básicas. Mas quanto mais elas fazem esse processo, mais velhas ficam. Com isso, as células, eventualmente, perdem a capacidade de funcionar de maneira adequada, impulsionando o dano celular.
A ciência estima que é por volta dos 25 anos que os primeiros sinais de envelhecimento começam a ficar aparentes na superfície da pele, com as linhas finas sendo as primeiras a aparecerem. Já as rugas, perda de volume e elasticidade se tornam perceptíveis com o tempo.
Em um estudo feito pela Universidade de Stanford, o biólogo Michael Snyder escreveu que os indivíduos envelhecem em taxas diferentes, bem como por meio de mecanismos biológicos diferentes, mas que em determinado indivíduo alguns sistemas envelhecem mais rápido ou mais devagar que outros.
Mas e se o ser humano envelhecesse ao contrário?
(Fonte: Paramount Pictures/Warner Bros. Pictures)
Em 2009, o cineasta David Fincher adaptou o conto de Scott Fitzgerald, O Curioso Caso de Benjamin Button, que narra a história de um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que os anos passam. A mensagem tocante e curiosa do enredo flerta com a preciosidade da vida e do tempo, seja ele linear ou não.
O processo de envelhecimento não afeta apenas a aparência de uma pessoa, mas principalmente seu corpo. O coração passa a trabalhar mais e a engrossar, uma condição conhecida como hipertrofia. O Instituto Nacional do Envelhecimento relata também que algumas seções do cérebro até encolhem ao longo dos anos.
Reverter o processo de envelhecimento é uma tarefa que pode parecer brilhante em questões científicas, mas também assustadora em resultados – que provavelmente não seriam os esperados.
A começar que os humanos viriam ao mundo já em sofrimento, fruto de todas as dores e problemas que um corpo envelhecido carrega. Fora que o desgaste físico e cognitivo poderia ser demais para esses corpos, ou seja, muitos deles não sobreviveriam nem mesmo no útero. Para ter uma noção, o Medical News Today relata que pessoas de 65 a 74 anos têm sete vezes mais chances de sofrer um ataque cardíaco do que pessoas na faixa dos 30 e 40 anos.
(Fonte: KatarzynaBialasiewicz/iStock)
Aqueles que fossem fortes o suficiente para nascerem, teriam que conviver com um sistema imunológico enfraquecido associado ao envelhecimento ou com problemas para combater as mais simples doenças, como um resfriado. Um corpo nascido velho também não estaria preparado para lidar com quedas e fraturas que acontecem no começo da vida, tampouco se ajustaria ao longo do crescimento.
No lugar de lembranças gostosas que a infância costuma trazer, as memórias seriam de lamentações devido às dores artríticas agonizantes e palpitações cardíacas.
(Fonte: Netflix/Reprodução)
Noventa por cento do desenvolvimento do cérebro acontece nos cinco ou mais anos na Terra, e viver ao contrário significaria que os seres humanos evoluiriam rapidamente e a humanidade ostentaria essencialmente a capacidade mental de uma água-viva.
Nós não teríamos o intelecto necessário para viver em um cenário novo e complicado, empacando a humanidade em tecnologia, governo, comunicação, organização e diversos outros aspectos. Toda essa estrutura seria desfeita. O ser humano médio só teria inteligência moderna nos 3 anos finais de sua vida, antes de tudo desaparecer. Um artigo do Scientific American ressalta que essa redução da capacidade mental dos seres humanos deixaria espaço para a liderança de outras espécies inteligentes.
Com os humanos fora do topo da cadeia alimentar e as dinâmicas sociais invertidas, um indivíduo passaria sua vida esperando pelo momento em que se tornaria mais inteligente, mais bonito e mais preparado.
A frustração chegaria nos últimos estágios da vida, pois a maioria não se conformaria com o pouco tempo que teve para experienciar seu ápice. Com inteligência suficiente para entender o mundo ao seu redor, seu corpo caminharia até os limites da infância e mais uma vez enfraqueceria suas capacidades até que todo o conhecimento se desfizesse.