Artes/cultura
30/12/2022 às 06:30•2 min de leitura
Desenhos esculpidos há cerca de 30 mil anos nas paredes da caverna Koonalda, na Austrália, foram destruídos por vândalos. A arte rupestre no local tem um significado sagrado para o povo aborígine Mirning, que vive na região.
Conforme noticiou a ABC Radio no último dia 20, um grupo de pessoas não autorizadas chegou às paredes que abrigam a arte histórica após passar pelo arame farpado cercando a área. Além disso, elas precisaram cavar sob um portão de aço.
Já no interior da caverna, os vândalos fizeram modificações nas paredes de calcário que abrigavam os famosos desenhos milenares. No lugar dos antigos padrões geométricos, agora aparece a seguinte frase, deixada pelo grupo: “Não olhe agora, mas esta é uma caverna da morte”.
Localizada na Planície de Nullarbor, a Koonalda Cave recebeu o título de Patrimônio Nacional em 2014. Apesar da valorização, ela vem sofrendo com a falta de segurança, tendo sido invadida várias vezes ao longo dos últimos anos, como denunciaram os povos Mirning.
Frase pichada na caverna Koonalda. (Fonte: Mirning cultural group/Reprodução)
Os desenhos de 30 mil anos esculpidos na caverna Koonalda podem ter se perdido para sempre após a ação mais recente dos invasores. Especialistas acreditam que a recuperação da arte rupestre é praticamente impossível de acontecer, devido às características do local.
Em entrevista ao The Guardian, a arqueóloga Keryn Walshe afirmou que os danos causados são definitivos, não havendo chance de recuperar a arte. “A superfície da caverna é muito macia. Não é possível remover a pichação sem destruir a arte por baixo”, explicou a especialista em sítios arqueológicos aborígines.
Quem também lamentou a ação foi o procurador-geral da Austrália do Sul e ministro dos Assuntos Aborígines, Kyam Maher. Ele classificou o vandalismo como “chocante”, além de reafirmar a importância das cavernas da região, que estão entre as primeiras evidências da ocupação daquela parte do país.
As descobertas feitas na caverna ajudaram a mudar a compreensão a respeito da pré-história australiana e mundial. Anteriormente, acreditava-se que os humanos chegaram ao continente há 8,7 mil anos, porém, os desenhos em Koonalda têm pelo menos 30 mil anos, sugerindo uma ocupação do território muito mais antiga.
(Fonte: bill doyle/Flickr)
Até o momento, os responsáveis por destruir os desenhos da caverna Koonalda não foram identificados. Mas o governo australiano afirmou que segue investigando o caso, em busca dos autores.
Se encontrados, eles podem ser multados em uma quantia equivalente a mais de R$ 35 mil pela cotação do dia. As leis da Austrália do Sul também preveem a possibilidade de detenção de até seis meses para quem danificar um local ou item aborígine.
Além de localizar e punir os vândalos, os povos Mirning pediram às autoridades que melhorem a segurança do local e construam um novo caminho para facilitar o acesso da tribo à caverna.