Estilo de vida
26/03/2023 às 07:00•3 min de leitura
Os animais são uma parte fascinante do mundo natural, e uma questão que frequentemente pode surgir na mente de muitas pessoas é qual é o tamanho máximo que eles poderiam atingir? Seria possível vermos um elefante gigantesco ou outra criatura imensa como aquelas apresentadas em muitos filmes de ficção científica?
A resposta para essas perguntas é complexa, pois a dimensão máxima de um ser é influenciada por diversos fatores, incluindo sua biologia, ambiente e as leis da física.
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Acredita-se que o maior ser a habitar a Terra foi o Argentinosaurus, um titanossauro com cerca de 77 toneladas que viveu há cerca de 90 milhões de anos, durante o período Cretáceo Superior. Em comparação a ele, até mesmo o elefante africano – com suas meras sete toneladas – parece minúsculo, mas os dois claramente se curvam à baleia-azul, a grande campeã com 165 toneladas.
Uma das principais causas para essas diferenças é a disponibilidade de recursos e nutrientes. "Animais que vivem em ambientes mais produtivos com alimentos de alta qualidade geralmente conseguem apresentar tamanhos corporais máximos maiores. Baleias, elefantes e outras megabiotas tendem a viver em ambientes produtivos e ricos em nutrientes", explicou Jordan Okie, biólogo quantitativo da Universidade do Estado do Arizona, nos EUA.
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As necessidades nutricionais também ajudam a entender porque os dinossauros seriam tão maiores do que nossos gigantes atuais. Afinal, mamíferos de sangue quente possuem metabolismos acelerados, precisando de 10 vezes mais alimento para sustentar seus corpos em comparação com os répteis, que crescem com uma quantidade bem menor de calorias.
As baleias-azuis devem seu porte à megafauna marinha, que oferta quilômetros de oceano disponíveis para a busca de comida e zooplâncton de forma eficiente.
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Outro fator importante que impede os animais de extrapolarem seus tamanhos atuais está relacionado à física, mais especificamente à lei do quadrado-cubo, um princípio matemático descrito por Galileu Galilei como "a razão de dois volumes é maior do que a razão de suas superfícies".
Sendo assim, um corpo ampliado terá volume que crescerá mais rápido do que a área superficial, necessitando de membros maiores e mais largos para sustentar todo esse peso. De acordo com Felisa Smith, professora de paleoecologia na Universidade do Novo México, o limite seria 120 toneladas para seres terrestres, pois mais do que isso faria suas pernas terem que ser muito largas, o que tornaria o simples ato de caminhar completamente ineficiente.
"Os maiores animais no registro fóssil têm apenas cerca de 100 toneladas, o que suporta esse máximo teórico. Não está claro que animais ainda maiores seriam biologicamente viáveis", acrescentou Smith ao Live Science.
Já as baleias, devido à sua flutuabilidade, podem aumentar de tamanho sem forçar sua musculatura e ossos, atingindo assim proporções imensas que fariam criaturas terrestres desmoronarem.
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Porém, se a lei do quadrado-cubo permitiria um peso tão gigantesco, por que não temos mais criaturas tão enormes quanto elefantes?
Como mencionado antes, animais grandes precisam de mais alimento para se sustentarem, mas a quantidade energética e nutrientes absorvidos ainda é limitada pela sua superfície corporal, algo que se torna muito desfavorável conforme o corpo aumenta. Ou seja, seria inviável que um animal gigante consumisse tudo o que precisaria para sobreviver.
Além disso, a taxa máxima de bombeamento sanguíneo do coração é limitada, então, se um mamífero apresentasse um surto absurdo de crescimento, a quantidade de sangue a ser bombeada seria bem maior, o que excederia facilmente a capacidade cardíaca.
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Embora nosso planeta consiga conter megafaunas, ou seja, conjuntos de animais de grandes proporções, elas vêm desaparecendo há 20 mil anos, com vários grupos, como as baleias, correndo risco de extinção.
Um grande motivo por trás disso é a evolução da humanidade, o que nos coloca como outro grande impedimento para que outras criaturas atinjam tamanhos maiores.
“Seria preciso não ter humanos antes que a megafauna pudesse retornar. Somos a espécie dominante e nenhum animal vai crescer sob nossa hegemonia. As chances de conseguir algo tão grande quanto um dinossauro do período Cretáceo novamente são improváveis", afirmou Geerat Vermeji, professor de geobiologia e paleobiologia da Universidade da Califórnia em Davis, ao Live Science.
Então, por mais que a ideia de um elefante gigantesco seja fascinante, a realidade biológica, física e ambiental sugere que uma criatura desse tamanho seria impossível de sustentar. Em vez disso, o importante é admirar esses animais magníficos pelo tamanho que já atingiram e garantir que possam habitar o planeta ao nosso lado por muitos e muitos anos.