Saúde/bem-estar
05/04/2023 às 06:30•2 min de leitura
Uma empresa australiana desenvolveu uma almôndega de carne mamute. A Vow, uma startup australiana de carne cultivada, utilizou uma técnica que combina células de animais para criar novos tipos de carne em laboratório. O objetivo da empresa é chamar a atenção para o potencial da produção de carne cultivada diante do avanço do aquecimento global.
“Temos um problema de mudança de comportamento quando se trata de consumo de carne”, disse George Peppou, CEO da Vow. “O objetivo é fazer com que alguns bilhões de comedores de carne deixem de comer proteína animal [convencional] para comer coisas que podem ser produzidas em laboratório. E acreditamos que a melhor maneira de fazer isso é inventar a carne. Procuramos células fáceis de cultivar, realmente saborosas e nutritivas, e depois misturamos e combinamos essas células para criar uma carne realmente saborosa”.
A almondega de mamute ficará exposta no museu de ciência e medicina na Holanda, Rijksmuseum Boerhaave. Ela não será servida, pois como os mamutes foram extintos há mais de cinco mil anos, não é possível saber como o corpo humano reagiria atualmente ao seu consumo.
A escolha do mamute se deu pela maneira como esta espécie foi extinta. Esses animais desapareceram completamente da Terra depois de uma combinação de caça humana e aquecimento do planeta após a última era glacial. A Vow espera que a almôndega de mamute ajude a chamar a atenção para os efeitos do consumo de carne tradicional.
Almondega de carne de mamute. (Fonte: Vow)
Carnes cultivadas em laboratório já são uma realidade em diversos países. Atualmente, empresas especializadas nesse tipo de alimento já desenvolveram substitutos para carnes convencionais, como frango, porco e carne bovina. A Good Meat, uma das pioneiras nesse processo, vende carne de frango cultivada e está disponível apenas em Cingapura — mas duas empresas já passaram por um processo de aprovação nos EUA.
A diferença da Vow é que ela busca se especializar em carnes não convencionais. Até o momento a empresa já investigou o potencial de mais de 50 espécies, entre elas alpaca, búfalo, crocodilo, canguru, pavão e diversos tipos de peixes.
A carne de mamute utilizou uma sequência conhecida de material genético de mamute. As lacunas da sequência foram completadas com genes de elefante, a espécie viva mais próxima dos mamutes. Essa sequência foi colocada em células-tronco de uma ovelha, que se replicaram para crescer até as 20 bilhões de células usadas pela empresa para cultivar a carne de mamute.
A produção em larga escala de carne, principalmente bovina, causa enormes danos ao meio ambiente. O metano produzido por bois e vacas é um dos gases que intensificam o aquecimento global. Além disso, o consumo de água é outro problema ambiental. Além disso, a produção de carne cultivada também tem um impacto no bem-estar, por evitar o abate e a criação em confinamento.
A carne cultivada usa muito menos terra e água do que o gado e não produz emissões de metano. A Vow disse que a energia que usa é toda de fontes renováveis e que o soro bovino fetal, um meio de crescimento produzido a partir de fetos de gado, não é usado em nenhum de seus produtos comerciais.