Ciência
17/04/2023 às 11:00•2 min de leitura
Beatriz Flamini, uma atleta radical de Madri, saiu recentemente de uma caverna na região de Granada, na Espanha, depois de passar 500 dias em completo isolamento. A mulher entrou voluntariamente no local em 21 de novembro de 2021, deixando o mundo subterrâneo apenas em 14 de abril de 2023, sendo observada durante todo o processo por uma equipe de cientistas, incluindo psicólogos e espeleólogos.
Como uma forma de se distrair nessa situação extrema, Flamini aproveitou para fazer exercícios, ler 60 livros, desenhar e tricotar gorros. Ela também recebeu duas câmeras para gravar toda sua experiência, que será dividida futuramente com o mundo em um futuro documentário.
(Fonte: Beatriz Flamini/Oddity Central)
Durante este experimento considerado único, a mulher recebeu um botão de pânico para ser utilizado caso estivesse em perigo ou não conseguisse lidar mais com a situação. Porém ela afirmou que nunca pensou em utilizá-lo, mesmo admitindo ter perdido a noção do tempo após dois meses do projeto, e acreditar ter passado apenas 160 a 170 dias dentro da caverna.
Depois de quase um ano e meio em completa reclusão, a espanhola estava completamente desatualizada de vários eventos históricos importantes, como a invasão russa na Ucrânia e a morte da rainha Elizabeth II. “Ainda estou presa em 21 de novembro de 2021. Não sei nada sobre o mundo”, declarou Beatriz.
Ao finalmente retornar para a sociedade, a atleta de 50 anos não parecia incomodada, mesmo com seu equilíbrio consideravelmente afetado por seus sentidos sobrecarregados. Usando óculos de sol para proteger seus olhos após tanto tempo na escuridão, ela descreveu a experiência toda como “excelente, imbatível” e perguntou quem iria pagar a primeira rodada de drinques comemorativos.
Porém, ela teve dificuldades para responder a mais perguntas, o que é compreensível devido ao extremo isolamento social que vivenciou. Embora ainda não esteja claro se a espanhola conseguiu seu espaço no Livro dos Recordes Guinness, sua experiência é inestimável para os cientistas que pesquisam o impacto do isolamento social e da desorientação extrema na percepção do tempo pelas pessoas.
Outro estudo semelhante também foi realizado em 2021, porém de forma moderada. Nele, um grupo de 15 pessoas passou 50 dias em uma caverna para observar como o isolamento extremo afeta seus corpos e mentes. Os participantes contaram apenas com seus ritmos circadianos para decidir quando comer e dormir enquanto eram monitorados por cientistas.
Os pesquisadores com certeza conseguirão levantar dados interessantes com a experiência de Flamini, que definitivamente é mais resiliente e determinada do que muitos de nós. Afinal, não é qualquer um que tem a coragem de passar 500 dias sozinho em um local subterrâneo escuro voluntariamente, não é mesmo?