Ciência
26/04/2023 às 11:03•2 min de leitura
O momento em que um asteroide com cerca de 10 quilômetros de diâmetro atingiu a Península de Yucatán, no México, cerca de 66 milhões de anos atrás, é tido como um marco para a história do planeta. E ainda hoje o chamado impacto de Chicxulub é alvo de estudos para entender quais foram os reais efeitos dessa colisão e se ela teria sido, de fato, diretamente responsável por um "inverno nuclear" — um efeito de resfriamento climático global severo e prolongado — que culminou no extermínio dos dinossauros.
Isso porque a hipótese melhor aceita para o que teria ocorrido aponta que esse asteroide teria provocado um inverno prolongado na Terra, sendo resultado do acúmulo de poeira na atmosfera. Capaz de gerar um fenômeno de maior extensão, ele teria sido responsável pela extinção pelo menos 75% das espécies existentes no planeta.
E em busca de evidências dessa série de eventos catastróficos, pesquisadores publicaram, no último dia 22, um estudo na revista Geology que pode trazer uma nova perspectiva acerca do que de fato teria ocorrido naquele período.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Famoso por ter sido uma das cinco extinções em massa do planeta, esse evento não teria deixado sinais que a Terra tenha passado por um período de resfriamento abrupto e prolongado após essa colisão tão violenta, segundo os pesquisadores, que usaram como base a análise de bactérias fossilizadas encontradas em amostras de carvão.
Isso porque essas bactérias, enquanto se adaptam a uma determinada temperatura, deixam registros em suas paredes celulares, tornando viável a análise atualmente. Havendo variação de temperatura num período significativo, como de mil anos, essas bactérias teriam deixado evidências disso.
Inclusive, os dados coletados pela equipe a partir desses biomarcadores indicam que houve certo aquecimento no período após esse incidente, o que poderia ser fruto da ação de vulcões que estariam liberando gás carbônico na atmosfera, e que esse novo padrão de aquecimento teria se estabilizado no período final do Cretáceo.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O estudo, por sua vez, não invalida a teoria que o resfriamento do planeta possa ter ocorrido nesse período crítico, mas que ele teria tido menor impacto e duração, diferente do que se imaginava.
Mas, afinal, então como os dinossauros teriam se extinguido após a colisão do asteroide com o planeta? Como o asteroide seria incapaz de aniquilar todos apenas com a queda em si, já que as espécies estavam espalhadas em diferentes regiões, a cobertura de poeira que esse asteroide teria sido capaz de levantar após o impacto ainda é considerada a responsável por desencadear eventos críticos.
Conforme destacou Sean Gulick, pesquisador da Universidade do Texas e que não participou desse estudo, em entrevista à Live Science, ainda que houvesse um período sem incidência de luz solar na Terra que se estendesse por apenas alguns meses, ele já seria agressivo o bastante para exterminar as plantas, prejudicando animais herbívoros, e por sua vez, eliminando também as espécies carnívoras inseridas nessa cadeia alimentar.