Aquecimento global: limite de 1,5 °C pode ser ultrapassado até 2027

17/05/2023 às 12:002 min de leitura

O Acordo de Paris de 2015 coloca um limite para o aquecimento global: 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Segundo um estudo publicado agora em maio pela Organização Meteorológica Mundial, há uma grande chance desse limite ser ultrapassado até 2027 — 66% para ser exato.

O limite de 1,5 °C acima da média da temperatura é calculado com base no clima de meados do século XIX — quando o uso de combustíveis fósseis cresceu em grande escala, levando junto a temperatura média do planeta. Em 2016, nós quase passamos deste limite, no ano mais quente da história recente da Terra. Mas 2027 pode ser ainda mais quente, ultrapassando a barreira dos 1,5 °C acima da média.

Esse limite importa porque, de acordo com especialistas em clima, as mudanças climáticas terão impactos muito maiores se a Terra ficar 1,5 °C mais quente que os níveis pré-industriais. Catástrofes meteorológicas — como ondas de calor, tempestades intensas e incêndios — se tornariam muito mais comuns. 

Catástrofes como queimadas podem se tornar comuns, com o aquecimento global (Fonte: GettyImages)Catástrofes como queimadas podem se tornar comuns, com o aquecimento global (Fonte: GettyImages)

É por isso que representantes de diversos países assinaram o Acordo de Paris, em 2015: com esforços coordenados de controle de emissões e preservação, a temperatura poderia ficar no limite, evitando essas consequências catastróficas. Desde 2020, a Organização Meteorológica Mundial publica relatórios anuais, apontando as chances do limite ser ultrapassado dentro dos próximos cinco anos, de acordo com os sinais observados no planeta. 

No primeiro ano do relatório, a chance era de 20%, mas ela aumentou para 50% em 2022 e agora chegou aos 66% que mencionamos no início. Então, há mais chances desse aumento acontecer do que de não acontecer. 

O que esses dados querem dizer, na prática?

É importante salientar que essa estimativa de 1,5 °C até 2027 não é resultado de uma medição direta da temperatura — então, é claro, você ainda pode sentir frio mesmo com o aquecimento global. O cálculo é feito com base no quanto o planeta esquentou ou esfriou, em comparação com as médias calculadas no período entre 1850 e 1900. Os tais níveis pré-industriais. 

Além disso, não quer dizer que as catástrofes vão explodir em 2027 porque a barreira de 1,5 °C foi ultrapassada. Para que o Acordo de Paris seja descumprido totalmente, a temperatura deve ficar acima desse limite por alguns anos — uma década ou duas. Aí sim, a média realmente iria subir e os resultados catastróficos seriam inevitáveis. 

A emissão de gases é um dos principais causadores do aquecimento global (Fonte: GettyImages)A emissão de gases é um dos principais causadores do aquecimento global (Fonte: GettyImages)

Também devemos levar em conta que essa projeção já calcula os impactos do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aumento das temperaturas das águas do oceano Pacífico. Ele deve dar as caras ainda em 2023.

Mas essas explicações não diminuem a importância do anúncio: afinal, ultrapassar o limite uma vez é o primeiro passo para aumentar a temperatura média de forma irreversível. Então, esses estudos são mais um alerta para que a humanidade diminua suas emissões de gases do efeito estufa antes que seja tarde demais. 

Também é importante notar que o aquecimento será mais sentido em algumas regiões do planeta que em outras, com efeitos que podem ser devastadores. No Ártico, esse aumento de temperatura será três vezes maior que a média global nos próximos cinco invernos.

O relatório também diz que haverá menos chuvas em regiões como Indonésia, América Central e Amazônia — o que pode gerar uma onda incontrolável de incêndios nesses lugares. Já o norte da Europa, Alasca e Sibéria podem ter chuvas em excesso.

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