Artes/cultura
29/06/2023 às 08:00•2 min de leitura
Você certamente já se deparou com alguma foto ou vídeo de animais "feios" nas redes sociais. Curiosamente, é possível que você tenha simpatizado com algum desses animais estranhos e tenha até cogitado ter um em casa. Diante disso, a pergunta é: por que amamos e achamos fofos alguns animais feios?
A resposta pode estar na evolução e em fatores culturais que desencadeiam uma resposta afetuosa entre os humanos.
Ser feio (mas fofo) está na moda. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Em estudo de 2014, um grupo de psicólogos de universidades da Itália e da Inglaterra, liderados pela cientista Marta Borgi, concluiu que as pessoas tendem a estender aos animais a afeição que se tem a rostos infantis. Do mesmo jeito que ocorre em relação às crianças, a aparência de bichos que tenham sinais infantis desperta nas pessoas a vontade de cuidar.
Essa aparência infantil a qual as pessoas se apegam ganhou o nome de "esquema de bebê", termo cunhado pelo etólogo austríaco Konrad Lorenz. Para ele, os humanos que nutriam e cuidavam das crianças garantiam a perpetuação da prole e, consequentemente, do gene.
A evolução nos fez querer cuidar de tudo aquilo que segue o "esquema de bebê", seja uma criança, um animal bonito ou até mesmo um animal feio.
É por isso que animais de aparência, digamos, duvidosa, mas com aquele jeitinho de bebê nos parece tão fofo. Isso responde o porquê de muitos terem vontade de criar animais como o peixe-bolha ou o pug (por mais que os donos se incomodem, o pug é sim um exemplo), pois ambos têm uma aparência que desperta em nós a vontade de cuidar.
E se você tiver em casa uma criança que quer adotar um bichinho fofo, mas estranho, não se preocupe, ele também é influenciado pelo efeito "esquema de bebê". O estudo de Borgi demonstrou que crianças de 3 anos já tendem a focar mais em imagens de humanos e de animais que possuem características infantis.
Cães de focinho achatados desenvolvem vários problemas de saúde. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Além da influência evolutiva, existem fatores culturais que move nossa vontade em ter desses bichos exóticos. A tendência do "feio e fofo" está disseminada nas redes sociais, onde influenciadores andam para cima e para baixo expondo o seu animal "diferente, mas cool".
No entanto, é importante considerar o bem-estar desses animais.
Alguns bichos não foram evolutivamente domesticados, tornando o ambiente domiciliar algo muito estressante e que pode adoecer o animal.
Além disso, alguns animais domésticos, como os cachorros com focinho achatado (chamados de cães braquicefálicos), tendem a ter problemas de saúde severos, com grande chance de facilmente ir a óbito. Dois exemplos super presentes em nosso dia a dia são o buldogue francês e o pug.
Para lidar com esses problemas de saúde, especialistas recomendam o cruzamento dessas raças com outras, a fim de aumentar a diversidade genética e reduzir os problemas relacionados às características que fragilizam os animais.