Estilo de vida
03/07/2023 às 10:00•2 min de leitura
Uma equipe de pesquisadores dos Laboratórios Nacionais de Pesquisa Agrícola (NARL) de Uganda acredita ter encontrado a solução para salvar a vida de milhares de crianças que morrem todos os anos no país por deficiência de vitamina A: uma "superbanana" melhorada geneticamente para oferecer mais nutrientes.
Casos de modificações genéticas em bananeiras para resistirem melhor a pragas, fungou ou seca já são bem conhecidos na literatura científica. No entanto, essa é a primeira vez que pesquisadores utilizam esse tipo de técnica para fortalecer nutrientes aos humanos que as comem. Conheça mais sobre essa história!
(Fonte: GettyImages)
A descoberta da banana modificada geneticamente é resultado de uma parceira de um laboratório de Kawanda, o cientista agrícola australiano James Dale e a Fundação Bill e Melinda Gates — a qual já investiu cerca de US$ 11 milhões em uma das mais antigas pesquisas projetos que a fundação já realizou.
Wilberforce Tushemereirwe, diretor do laboratório em questão, foi quem deu o ponta pé ao projeto "Banana21" em 2005. Desde então, foram 18 anos de muito investimento, trabalho duro e estudos infindáveis para tentar salvar as vidas das crianças ugandesas. No entanto, nem todas as barreiras foram superadas.
A equipe de pesquisa ainda espera pela aprovação do governo local em relação a uma forte oposição ao cultivo de alimentos geneticamente modificados. A legislação de Uganda proíbe completamente o plantio desse gênero de alimentos. Enquanto isso, um projeto de lei está em andamento no Parlamento de Uganda desde o início dos anos 2000 para tentar reverter a situação, mas não foi sancionado.
(Fonte: GettyImages)
A deficiência de vitamina A é algo que assola a Uganda e outros países mais pobres há mais de um século. Contudo, esse é um problema que basicamente desapareceu das nações ricas através da suplementação de nutrientes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 190 milhões de crianças em idade pré-escolar sofrem de deficiência de vitamina A no mundo todo — principalmente na África subsaariana e no sudeste da Ásia.
Essa, inclusive, é a principal causa de cegueira evitável em crianças, sem contar que inibe o crescimento infantil e enfraquece sua resistência a doenças mortais tratáveis, como a diarreia e o sarampo. Somente na África, a desnutrição desenfreada é responsável por 6% das mortes na primeira infância.
Logo, era de se imaginar que um projeto como a "Banana21" não teria problemas em ser aprovado, uma vez que oferece uma solução simples e viável para salvar a vida de milhões de crianças nessas regiões. Enquanto Uganda espera pelo fim da trava política, o Quênia, que é uma nação vizinha, pôs fim a uma proibição de cultivos transgênicos de uma década nos últimos anos.
Na visão de Tushemereirwe, o atraso em Uganda muito está relacionado às ONGs europeias por criarem dúvidas sobre a biotecnologia. De todo modo, enquanto a resposta positiva não aparece definitivamente no Parlamento, a única esperança que sobra é torcer e cobrar os políticos ugandeses a dizerem sim à ciência.