Saúde/bem-estar
23/07/2023 às 08:00•2 min de leitura
Imagina ser estapeado pela sua própria mão, começar a tirar a roupa em público involuntariamente ou jogar objetos em outra pessoa, e não conseguir parar nenhuma destas ações, mesmo não tendo vontade de realizá-las. Situações tão ou mais bizarras do que essas podem ser enfrentadas por quem sofre com a Síndrome da mão alienígena.
Também conhecida como Síndrome da mão alheia, essa doença rara afeta uma minúscula parcela da população mundial e é causada principalmente por lesões no corpo caloso, uma importante estrutura responsável por conectar os dois hemisférios do cérebro. Ela surge afetando o membro superior unilateralmente, na maioria dos casos.
(Fonte: Getty Images)
Quando essa síndrome neurológica acontece, o indivíduo perde o controle sobre os movimentos voluntários da mão, ou seja, aparentemente a mão ganha vida própria. A partir daí, aumentam as chances de acontecer situações como as mencionadas no início do texto, que podem ser constrangedoras.
O mecanismo subjacente responsável por causar a síndrome da mão alienígena ainda não foi totalmente identificado. No entanto, boa parte das pessoas que apresentam o problema sofreram danos no cérebro levando à desconexão do córtex parietal de outras áreas corticais, como relata o IFLScience.
Nas pessoas em que a mão age como se tivesse vida própria, os movimentos involuntários podem incluir desde simples espasmos do membro a ações mais complexas, como acariciar o rosto e manipular objetos. Sem qualquer controle sobre elas, o paciente nada pode fazer.
Alguns casos famosos de síndrome da mão alienígena foram acompanhados de perto por cientistas. Um deles aconteceu em 1972, quando um homem de 67 anos começou a apresentar movimentos involuntários da mão esquerda após sofrer um derrame que resultou em danos no corpo caloso.
(Fonte: Getty Images)
Segundo o estudo deste caso, a mão do paciente era capaz, por exemplo, de remover as roupas dele e de agarrar objetos de forma independente, apesar dele tentar impedi-la. A doença também interferia em atividades corriqueiras, como fazer a barba e até na hora de comer.
Fenômeno parecido ocorreu com uma mulher de 77 anos, em 2014, que viu sua mão passar a acariciar seu rosto e o cabelo por vontade própria. A ação durou cerca de 30 minutos, deixando a paciente assustada — posteriormente, ela foi diagnosticada com um derrame.
Como no caso citado acima, se surgir repentinamente, a perda de controle sobre os movimentos voluntários da mão pode indicar alguma lesão cerebral grave. A doença costuma ser geralmente desencadeada por doenças degenerativas, tumores, erros cirúrgicos e acidente vascular cerebral (AVC), entre outros problemas.
O tratamento para a síndrome da mão alheia pode incluir terapia cognitivo-comportamental e o uso de bloqueadores neuromusculares, entre outras alternativas. Em alguns casos, o problema desaparece com o tempo, mas na maioria das vezes ela é irreversível.