
Estilo de vida
08/03/2023 às 11:00•2 min de leitura
Em 1961, os neurocirurgiões Philip Vogel e Joseph Bogen decidiram realizar um procedimento experimental em pacientes com epilepsia grave. Eles acreditavam que a intensidade dos sintomas — que envolviam frequentes desmaios e convulsões — era resultado de sinais neurais que se espalhavam de um lado do cérebro para o outro.
Para tentar controlar o problema, os médicos realizaram um procedimento conhecido como calosotomia, que consiste em cortar o corpo caloso — o feixe de substância branca que une os dois hemisférios — do cérebro dos pacientes.
Nos primeiros dias após o procedimento, nenhum deles relatou problemas graves. Porém, à medida que se recuperavam, os pacientes passaram a relatar algumas situações bastante inesperadas. Eles passaram a favorecer o lado direito de seus corpos nas atividades cotidianas e pareciam alheios a qualquer estímulo vindo do lado esquerdo.
Curiosos com esse comportamento estranho, em 1962, os psicólogos Roger Sperry e seu aluno de pós-graduação Michael Gazzaniga iniciaram uma série de experimentos para descobrir exatamente o que estava acontecendo dentro das cabeças dos pacientes com cérebro dividido.
(Fonte: Getty Images)
Hoje já é bem conhecido pela ciência que o corpo caloso não tem a função de apenas manter um hemisfério ligado ao outro. Ele contém cerca de 200 milhões de fibras neurais capazes de transmitir um bilhão de bits de informação por segundo. É isso que garante que o nosso cérebro funcione de maneira coesa e não como dois órgãos distintos.
Por exemplo, as imagens que nossos olhos captam, são transmitidas para uma região do cérebro chamada lobo occipital — responsável por interpretá-las. Porém, no percurso entre olhos e cérebros, os nervos ópticos se cruzam em uma junção chamada quiasma óptico. Isso faz com que as informações do olho direito sejam transmitidas para o hemisfério esquerdo e vice-versa. Quem é responsável por arrumar a imagem, enviando-as para o hemisfério correto é o corpo caloso. Assim, é fácil perceber que remover esse importante canal de ligação traz consequências bastante significativas.
Alguns dos pacientes começaram a ter dificuldade de realizar algumas atividades cotidianas, como fechar os botões da camisa. Eles faziam isso usando apenas uma das mãos, enquanto a outra os desabotoava espontaneamente — o mesmo acontecia na hora de colocar itens em um carrinho de compras, uma mão colocava e a outra devolvia à prateleira. Em casos raros, esse fenômeno pode até assumir a forma de síndrome da mão alheia, na qual a mão do paciente parece ter vontade própria e às vezes tenta estrangular seu dono ou outras pessoas.
Os casos de movimento independente dos membros resultaram na maior descoberta de Sperry e Gazzaniga: o domínio executivo do hemisfério esquerdo. Em experimentos posteriores, eles descobriram que grande parte do raciocínio do hemisfério direito e dos processos de tomada de decisão são totalmente inconscientes e precisam ser mediados e interpretados pelo hemisfério esquerdo.
Porém, isso não significa dizer que o hemisfério direito não tenha capacidade de se expressar racionalmente. Quando um dos pacientes foi apresentado com uma foto de sua namorada em seu olho esquerdo, ele não conseguiu falar o nome dela. Porém, ele foi capaz de escrevê-lo usando letras espalhadas em uma mesa.
Os experimentos de Sperry e Gazzaniga revolucionaram nossa compreensão de como o cérebro organiza diferentes tarefas perceptivas e conceituais. Em 1981, Sperry foi laureado com o Prêmio Nobel de Medicina. Ele continuou a estudar pacientes com cérebro dividido até sua morte em 1994, enquanto Gazzaniga ainda segue essa linha de pesquisa até hoje na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara.
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