Saúde/bem-estar
26/07/2023 às 08:00•2 min de leitura
Como um sinal de que a natureza está se curando, a curiosa espécie de papagaio que não voa cácapo retornará à Nova Zelândia após passar 40 anos criticamente ameaçado de extinção. Os animais, que eram considerados bastantes comuns no continente oceânico, viveram pela última vez no seu país de origem na década de 1980.
A última vez que um deles esteve presente na Ilha do Norte, no entanto, foi na década de 1960, quando cinco espécimes viviam em cativeiro. Atualmente, os cácapos vivem apenas em cinco ilhas costeiras. Contudo, um novo projeto feito pelo Departamento de Conservação da Nova Zelândia pretende reverter o cenário.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em parceria com a tribo Ngai Tahu da Ilha Sul, o Departamento de Conservação da Nova Zelândia está transferindo quatro cácapos machos da ilha de Whenua Hou para Maungatautari, em Waikato. O foco principal do projeto não é para que essas aves se reproduzam, mas sim aprender quais tipos de novos habitats, fora das ilhas offshore, eles podem viver.
Essa translocação segue décadas de trabalho de conservação por meio do Programa de Recuperação Cácapo, um esforço científico moderno para ajudar a trazer as espécies icônicas do país de volta da extinção. Entre 2016 e 2022, a população desses papagaios que não voam dobrou e atingiu um máximo de 252 aves.
Na visão dos pesquisadores, devolver este animal noturno criticamente ameaçado de volta ao continente é significativo para a história do país e um case de sucesso compartilhado por todos os parceiros envolvidos. Em 1995, para se ter ideia, existiam apenas 51 cácapos no mundo todo.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Para os cientistas envolvidos no caso, devolver os cácapos ao seu habitat natural no continente em populações controladas tem sido um objetivo há muito tempo. No entanto, eles precisam garantir que as aves terão um habitat livre de predadores mamíferos introduzidos, como os ratos de navios fugitivos.
A translocação dos primeiros espécimes será marcada com uma cerimônia de boas-vindas maori chamada powhiri, seguida pela libertação dos animais em Maungatautari. A cerimônia pretende reconhecer o esforço feito por todas as instituições envolvidas no processo e grupos que desempenharam um papel crítico na conservação desses papagaios.
Um ponto positivo para essa transferência é que os cácapos são aves especialistas em camuflagem, o que dificulta serem atingidos por predadores e também identificados por humanos na natureza. No entanto, quem estiver pela região muito provavelmente poderá ouvir o canto dos cácapos — que possuem uma "estrondosa" canção distinta.
O objetivo é que Maungatautari torne-se um verdadeiro santuário para esses animais, onde podem viver tranquilamente longe de serem caçados. Porém, os pesquisadores ainda não sabem ao certo se eles conseguirão se estabelecer na região a longo prazo. Nesse sentido, a espera pelas futuras temporadas de reprodução da espécie será crucial para o sucesso da missão.