Ciência
06/08/2023 às 05:00•2 min de leitura
Dois novos estudos trouxeram novas informações não apenas sobre a evolução inicial dos hominídeos, mas também sobre como as primeiras florestas gramadas apareceram dentro do continente africano. O primeiro documento, publicado na revista Science, sugere que a vida nas florestas abertas da África e uma dieta rica em folhas podem ter influenciado os macacos a ficarem de pé.
Há algum tempo, antropólogos já acreditavam que nossos ancestrais teriam desenvolvido um torso ereto para colher frutas nas florestas. Dessa forma, primatas maiores precisariam distribuir seu peso nos galhos que brotavam dos troncos e estender as mãos para pegar uma fruta. Como a execução dessa tarefa é mais fácil se o animal estiver de pé, eles se adaptaram. Entenda mais sobre o caso!
(Fonte: Getty Images)
Uma nova pesquisa feita com um macaco fossilizado de 21 milhões de anos, da espécie Morotopithecus bishopi, sugere que os primeiros primatas macacos realmente comiam as folhas em uma floresta sazonal, a qual possuía copas de árvores quebradas e áreas gramadas abertas. Por conta dessa paisagem, ao contrário das florestas fechadas, esses animais possivelmente foram impulsionados a adquirir uma estrutura vertical.
Ambos os artigos a respeito do tema surgiram de uma colaboração de paleontólogos internacionais chamada Research on Eastern African Catarrhine and Hominoid Evolution Project (REACHE). Os estudos foram coordenados por Laura MacLatchy, paleoantropóloga da Universidade de Michigan.
A pesquisa se concentrou em um lugar no leste de Uganda chamado Moroto. Nessa região, os pesquisadores encontraram fósseis em uma única camada de rocha, o que foi o suficiente para recriar o ambiente do Morotopithecus.
(Fonte: Getty Images)
Ao observar a área de Uganda, a equipe de pesquisa descobriu que as plantas nessa paisagem sofriam de um fenômeno chamado "estresse hídrico", o que significa que elas viviam em períodos sazonais de chuva e aridez. Essas mudanças indicavam que os macacos teriam que depender de algo diferente das frutas para sobreviver.
Portanto, essa descoberta sugere que o Morotopithecus provavelmente viveu em uma floresta aberta, pontuada por florestas de copas quebradas compostas por arbustos e árvores. "Esse contexto geral de ecossistemas abertos de florestas sazonais foram essenciais para moldar a evolução de diferentes linhagens de mamíferos, incluindo e, especialmente em nosso caso, como diferentes linhagens de macacos evoluíram", relatou o coautor do estudo John Kingston.
Neste mesmo período histórico, a África Oriental viu uma grande mudança em sua topografia. Essa reviravolta resultou no clima regional e em sua vegetação conhecida hoje em dia. Acredita-se que essa mudança ambiental tenha favorecido animais bípedes terrestres, o que teria feito com que nossos ancestrais caminhassem no chão pelo fato das árvores estarem mais afastadas.
Curiosamente, esses ambientes já estavam presentes pelo menos 10 milhões de anos antes da evolução do bipedalismo. Na visão dos pesquisadores, isso é informação suficiente para que nós tenhamos que também repensar as origens humanas.