Artes/cultura
06/08/2023 às 08:00•2 min de leitura
Você já sentiu que havia outra pessoa junto de você quando ninguém estava por perto – e não necessariamente acreditou que estava na presença de algum fantasma? Embora isso possa parecer algum tipo de alucinação bizarra, na verdade se trata de um fenômeno relativamente comum entre os seres humanos — sobretudo quem está muito estressado.
Conforme relatado pela reportagem feita pela BBC, esse fenômeno costuma ser comum em quem está viajando ou se aventurando por ambientes isolados, como os alpinistas que escalam o Everest, e pode ser chamado de "fator do terceiro homem". Ficou curioso para saber mais sobre o tema? Veja só os próximos parágrafos!
(Fonte: Getty Images)
Dentro da psicologia, a experiência de sentir a presença de uma pessoa inexistente é conhecida como "presença sentida". Inclusive, tal fenômeno foi tema principal do livro Presence: The Strange Science and True Stories of the Unseen Other, do professor de psicologia da Durham University Ben Aldenson-Day.
Alderson-Day descobriu que essas experiências não se limitam a pessoas em situações extremas. Ou seja, um indivíduo em situação ordinária também poderia ter a sensação de que alguém está dividindo o mesmo ambiente que ele, mesmo que essa pessoa não possa ver esse ser. Inclusive, não é algo tão incomum após luto ou em pessoas com psicose.
Para alguns, esse fenômeno pode ocorrer como parte da paralisia do sono, quando você acorda, mas não consegue se mover. Os pesquisadores possuem dificuldade de definir exatamente em que consiste uma presença sentida, uma vez que não é experimentada através dos cinco sentidos físicos dos seres humanos. No entanto, isso não faz parte objetivamente de ilusões que envolvem pensamentos.
(Fonte: Getty Images)
Enquanto tentava entender mais sobre esse fenômeno, Alderson-Day acabou se deparando em algo que seria uma combinação de aspectos físicos e psicológicos. No caso de montanhistas e exploradores, a falta de oxigênio no cérebro pode desempenhar um papel fundamental, visto que é conhecido por induzir alucinações.
Porém, também é preciso considerar aspectos de sobrevivência. Em algum sentido, é possível que essas pessoas estejam evocando a existência de alguém para tentar ajudá-los a sair de uma situação extrema. Um ponto importante é que alguns pacientes chegam até mesmo ouvir vozes inexistentes, o que possivelmente existiriam apenas para incentivá-los a seguir em frente.
Em seus estudos, o professor da Durham University também pontuou que mulheres eram mais propensas a relatar essas presenças e mais propensas a considerá-las angustiantes. Essa é uma experiência mais comum em quem está sofrendo grande estresse físico, uma vez que as informações que recebemos de nossos sentidos nesses momentos podem levar à sensação peculiar de que alguém está conosco.
Por fim, a maneira como alguém passa por uma presença sentida pode depender dos seus sentimentos e crenças pessoais — que alteram a percepção do evento. Para Alderson-Day, ainda é preciso mais estudos sobre o corpo e a mente humana para que esse fenômeno relativamente comum seja realmente compreendido.