Artes/cultura
07/08/2023 às 04:00•2 min de leitura
É possível que você não acredite em destino. Mas saiba que muitos animais têm o seu futuro selado ao nascerem — e dificilmente conseguirão fugir disso. Por isso, se uma pessoa pegasse um rato de laboratório em suas mãos e afirmasse que aquele animal não chegaria aos quatro anos, pouco adiantaria ao ratinho dizer que não acredita na profecia, pois as chances dela se cumprir são altas.
Fonte: Getty Images
O destino dos animais não está escrito nas estrelas, nos búzios ou na borra do café. Ele está escrito em seus genes — e foi escrito há muito tempo, pela evolução de sua espécie.
Os antepassados do rato de laboratório perceberam que o mundo era um lugar cruel para eles. Considerados deliciosos pelos muitos predadores, esses ratos não costumavam durar muito na natureza. Logo, eles não evoluíram pensando em envelhecer, já que a maioria nunca chegava à avançada idade. Em vez disso, eles evoluíram para se reproduzir.
Dessa forma, esses animais passaram a atingir a maturidade sexual cada vez mais cedo e terem cada vez mais filhotes. Uma ninhada desses ratos tem em média oito filhotes, mas há casos em que 16 ratinhos nascem de uma única vez.
Rato-toupeira Fonte: Getty Images
Nem todo roedor precisa se preocupar com a passagem do tempo. O rato-toupeira-pelado evoluiu pensando na velhice. Eles vivem até os 30 anos, o que é muito para um roedor.
Esses animais são geneticamente parecidos com os ratos de laboratório, mas o ambiente em que vivem moldou a forma como os seus corpos reagem à passagem do tempo.
Como são criaturas subterrâneas, os ratos-toupeiras-pelados quase não têm predadores. Dessa forma, o organismo desses bichinhos precisou se adaptar à velhice, em vez da reprodução, pois essa é a sua realidade.
Essa espécie vive em colônias e uma fêmea assume o papel de rainha, como se fossem abelhas. Apenas ela se reproduz e os outros ratos trabalham para o bem-estar do grupo. A ninhada pode ter cerca de dez filhotes e ela dá à luz a cada 70 dias.
Portanto, mesmo animais semelhantes podem ter uma expectativa de vida muito diferente, dependendo daquilo que for menos vantajoso sob o ponto de vista evolutivo.
No caso dos ratos de laboratório, isso quer dizer que mesmo em um ambiente sem predadores, esses animais não viveriam mais do que os três anos esperados. Suas células não evoluíram para se reproduzir por tantos anos. Logo, eles iriam contrair doenças que os matariam.
Além da incidência de predadores, a temperatura também pode influenciar na quantidade de anos que um animal viverá na Terra. As baleias-do-Ártico vivem dois séculos.
Elas não têm problemas com predadores e evoluíram para lidar com as baixas temperaturas do Ártico. Embora existam exceções, quanto mais grande, mais lento e mais inteligente é o mamífero, mais tempo de vida ele terá.
A lentidão é importante porque metabolismos acelerados exigem muito do corpo, o que contribui para problemas de saúde. Não por acaso, os répteis costumam viver mais do que os mamíferos.