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28/08/2023 às 02:00•2 min de leitura
O que teria acontecido para provocar a morte de abelhas resguardadas no interior de seus casulos há quase 3 mil anos? Essa foi a pergunta que pesquisadores fizeram por bastante tempo, mas graças a um estudo publicado no final do mês de julho no periódico Papers in Paleontology, agora há algumas hipóteses a serem consideradas.
Esse antigo incidente gerou mistério não apenas porque se tratou da morte de centenas de abelhas, mas porque os casulos estavam selados até os dias atuais, o que significa dizer que as abelhas permanecem preservadas nos mínimos detalhes.
Como as abelhas possuem quitina em sua composição, uma decomposição relativamente rápida seria o esperado. Mas por algum motivo, as abelhas seguiram intactas, envoltas em seus casulos e ocultas sob várias camadas de sedimentos.
As abelhas permaneceram em excelente estado de preservação. (Fonte: Federico Bernardini/ICTP/Reprodução)
“O grau de preservação destas abelhas é tão excepcional, que fomos capazes de identificar não só os detalhes anatômicos que determinam o tipo de abelha, mas também o seu sexo e até mesmo o fornecimento de pólen monofloral deixado pela mãe quando ela construiu o casulo”, afirma Carlos Neto de Carvalho, principal autor do estudo.
Mas, afinal, o que impediu a degradação das abelhas? Uma espécie de argamassa orgânica, composta por fios de um material bem semelhante à seda, que teria sido criado pela abelha-mãe. Surpreendentemente, essa proteção se manteve presente ao longo de todo esse tempo, atuando, inclusive, como uma camada à prova d'água.
Os casulos das abelhas eucera (Eucera sp) foram descobertos em 2019, na região sudoeste de Portugal, em meio a uma investigação sobre mudanças no ecossistema. A análise permitiu identificar, inclusive, que as abelhas estavam prontas para sair dos seus casulos, o que nunca ocorreu. E o pior: tudo indica que elas teriam morrido abruptamente.
Diferentes hipóteses foram consideradas para a morte repentina das abelhas na costa de Portugal há quase 3000 anos. (Fonte: Federico Bernardini/ICTP/Reprodução)
Dentre as possíveis teorias para explicar o que teria ocorrido, uma delas aponta a ocorrência de inundações por período prolongado. Mas ao considerar que ainda havia muito pólen monofloral armazenado para as abelhas, é pouco provável que elas tivessem morrido por falta de alimentos, disse Neto de Carvalho, em entrevista ao The New York Times.
A mudança repentina no clima, ainda segundo o principal autor do estudo, é a causa mais provável. Ou seja, a redução da temperatura para valores muito reduzidos durante a noite, em meio à primavera, teria provocado a morte massiva das abelhas.
Tão intrigantes como as outras espécies, as abelhas do gênero Eucera vivem de forma um pouco diferente da qual estamos acostumados a ver, fazendo ninhos no subsolo. Com isso, as abelhas mais jovens permanecem um longo tempo escondidas em casulos, se alimentando, e saindo para a superfície por apenas algumas semanas.