Kylinxia: com três olhos, parente dos insetos existiu há milhões de anos

Que animais com três olhos podem existir, não é bem uma novidade, apesar de ser incomum. E agora já temos evidências de que uma espécie com essa característica já existia há milhares de anos.

O mais interessante nisso é que as investigações envolvendo essa criatura tão antiga permitiram descobrir mais sobre a evolução dos artrópodes. É o que reforça um novo estudo sobre um parente dos insetos, o animal do gênero Kylinxia, publicado na Current Biology no último dia 28.

Tomografia computadorizada do Kylinxia. (Fonte: University of Leicester/Reprodução)

Um animal da era cambriana

O fóssil de Kylinxia foi descoberto em rochas com mais de 520 milhões de anos na cidade de Chengjiang, que fica na China. Vale destacar que por lá, um grande número de organismos em excelente estado de preservação já foi encontrado, ajudando cientistas a desvendar peças do quebra-cabeça de eras passadas.

Além de ser uma criatura da era cambriana, os três olhos não foram a única coisa que impressionou os pesquisadores. Inclusive, quando ele foi descoberto, em 2020, acreditaram que seriam cinco olhos, no total.

Com tamanho de um camarão grande, o fóssil de Kylinxia também tinha um par de presas dianteiras e dois pares de pernas articuladas que não foram identificados a princípio, quando ele foi descrito pela primeira vez.

Fóssil em excelente estado de preservação foi considerado um achado importante para pesquisadores. (Fonte: University of Leicester/Reprodução)

Uma nova peça no quebra-cabeça da evolução dos artrópodes

Além disso, na cabeça desse animal, há a presença de seis segmentos — algo presente em alguns insetos atualmente. Em um deles estariam os dois olhos laterais e um olho mediano; no segundo segmento, o par de presas dianteiras, e os quatro segmentos, por fim, com os dois pares de membros articulados.

Apesar de haver teorias estabelecendo que espécies de artrópodes teriam menos segmentações na cabeça inicialmente, esse estudo veio para derrubar isso, mostrando que essa herança teria sido transmitida há mais de 500 milhões de anos.

Lembrando que os artrópodes correspondem a mais de 85% das espécies animais classificadas, o que nos permite dar uma ideia do quão bem-sucedidos eles foram no quesito adaptação.

Representação do Kylinxia. (Fonte: University of Leicester/Reprodução)

Como o fóssil está incrivelmente bem preservado, as imagens obtidas por meio de tomografia computadorizada foram fundamentais para essas novas constatações.

Em comunicado oficial, Robert O'Flynn, que é principal autor do estudo, exaltou o processo de descoberta: “A preservação do animal fóssil é incrível. Após a tomografia computadorizada, podemos virá-lo digitalmente e literalmente olhar para algo que estava vivo há mais de 500 milhões de anos. Ao girarmos o animal, pudemos ver que sua cabeça possui seis segmentos, assim como em muitos artrópodes vivos.”