Sacos de fezes na Lua: a importância de resgatar os excrementos dos astronautas da missão Apollo

12/09/2023 às 11:002 min de leitura

As missões tripuladas à Lua, enviadas pela NASA entre as décadas de 1960 e 1970, trouxeram várias amostras do satélite natural para a Terra. Em contrapartida, os astronautas deixaram algumas coisas por lá, incluindo dezenas de sacos de dejetos humanos que podem ser de grande valor para a ciência.

Durante as primeiras viagens espaciais, não existiam banheiros como nas naves mais modernas. Assim, os tripulantes das missões Apollo precisavam usar tanques para coletar a urina e sacos para armazenar fezes, vômitos e outros resíduos, enquanto uma espécie de fralda era a solução para os momentos fora da espaçonave.

O resultado foi uma grande quantidade de lixo gerado que, além do peso extra, ocupava boa parte da cápsula espacial. A alternativa encontrada foi deixar os sacos de fezes na Lua, pois assim a nave ficaria mais leve e com uma área maior para as amostras lunares.

Conforme os dados oficiais das missões, há cerca de 96 sacos de dejetos deixados pelos astronautas na superfície lunar. Alguns deles podem até ser vistos nas fotos tiradas nas viagens (como na imagem abaixo), registrada por Neil Armstrong assim que ele pisou na Lua, em julho de 1969.

O que o material pode revelar?

Saco de dejetos humanos na Lua. (Fonte: NASA/Divulgação)Saco de dejetos humanos na Lua. (Fonte: NASA/Divulgação)

Esses sacos de cocô na Lua ficaram esquecidos durante décadas, mas os preparativos para o retorno da humanidade ao satélite natural, por meio do programa Artemis, voltaram a colocá-los em evidência. Especialistas da NASA querem trazê-los de volta para a Terra e examinar o que restou deles.

Como os sacos continham diferentes tipos de vida microbiana (bactérias, vírus, fungos, etc), a análise do material pode mostrar se os micro-organismos são capazes de sobreviver em condições extremas fora do ambiente terrestre. Sem a proteção da nossa atmosfera, eles estão sob radiação solar intensa e expostos a temperaturas hostis.

Vivendo em condições semelhantes às da Lua, bactérias vivas já foram encontradas na área externa da Estação Espacial Internacional em pelo menos duas ocasiões: em 2017 por cosmonautas russos e em 2020 por pesquisadores japoneses. No último caso, elas se mantiveram vivas por três anos.

No caso do satélite natural, é mais provável que não tenha restado nada do material biológico devido ao tempo — os sacos estão lá há mais de 50 anos. Apesar disso, os cientistas planejam resgatá-los como parte da missão Artemis.

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A quem pertencem?

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Mas, então, se os sacos de cocô lunares foram deixados por astronautas americanos, apenas missões da NASA podem resgatar o material, certo? Não é bem assim. Como lembra o IFL Science, a Lua é considerada “patrimônio comum da humanidade” pelo Tratado do Espaço Sideral de 1967.

Como o documento que regulariza as atividades espaciais não é atualizado há um bom tempo, qualquer país que enviasse uma missão tripulada à Lua poderia recuperar o material, transformando os sacos de excrementos em alvos de uma disputa internacional.

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