Ciência
22/09/2023 às 08:00•2 min de leitura
Astrônomos podem ter encontrado duas novas galáxias de anel polar. Ambas as estruturas cósmicas ainda não foram confirmadas como sendo de tal tipo, mas caso isso aconteça, pode ser um indício de que tais galáxias são mais comuns do que os astrônomos acreditam atualmente.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Galáxias de anel polar, também conhecidas como galáxias com anéis perpendiculares, são uma classe bastante peculiar de galáxias que se destacam por sua estrutura única e rara no universo. O que faz delas especiais — e alvo de grande interesse de astrônomos — é a orientação de seus anéis de gás, que estão dispostos perpendicularmente ao plano principal de sua galáxia hospedeira.
A formação dessas galáxias ainda é um enigma para os astrônomos, mas uma das teorias mais aceitas sugere que elas surgem de interações violentas entre galáxias. Quando duas galáxias colidem ou passam muito próximas uma da outra, a força gravitacional resultante pode distorcer significativamente suas estruturas. Esse processo pode levar à formação de um anel polar quando a matéria é forçada a se mover em uma direção perpendicular ao plano original da galáxia.
E é essa configuração única de anel, que é incomum e rara de se encontrar, que as diferencia de outros tipos de galáxias. A presença de anéis de gás em galáxias não é algo particularmente raro, mas geralmente eles estão alinhados com o plano principal da galáxia, não perpendicularmente.
(Fonte: Hubble Heritage Team/AURA/STScI/NASA/Divulgação)
A pesquisa que levou à descoberta das duas galáxias faz parte de um esforço científico internacional chamado WALLABY, que conta com quase 200 cientistas do mundo todo. O projeto está sediado na Austrália (em uma região bastante isolada e livre da interferência de ondas de rádio) e utiliza o radiotelescópio ASKAP — que conta com 36 antenas de 12 metros de largura cada — para detectar e mapear a distribuição de gás em centenas de milhares de galáxias. Juntas, as antenas do ASKAP funcionam como um único receptor com um diâmetro de seis quilômetros.
A descoberta das duas galáxias aconteceu durante o projeto piloto do WALLABY, no qual foram analisados os dados de 600 galáxias. Inicialmente, elas não aparentavam ter nada de especial. Porém, ao realizar uma varredura com o ASKAP, a equipe reparou no que aparentava ser um anel de hidrogênio gasoso em duas das galáxias. Batizadas de NGC 4632 e NGC 6156, elas estão localizadas a 56 milhões e 150 milhões de anos-luz da Terra, respectivamente, e já eram conhecidas.
Até o momento, as duas galáxias ainda não foram confirmadas como anéis polares. Porém, caso isso aconteça, poderá ser um indicativo de que galáxias de anel polar são muito mais comuns do que os astrônomos pensavam anteriormente. Até então, estudos astronômicos indicavam que os anéis polares estavam presentes em apenas 0,1% de todas as galáxias.
Além disso, as descobertas também podem fornecer informações valiosas sobre matéria escura, que compõe cerca de 27% do universo. Seu nome se deve ao fato dessa matéria nunca ter sido observada, embora sua existência seja realmente conhecida e ela seja a explicação dos cientistas para o que mantém as galáxias e os aglomerados de galáxias juntos.