Ai-Khanoum: a cidade grega soterrada no Afeganistão

25/09/2023 às 07:002 min de leitura

Uma cidade planejada no meio de um local seco, quente e sem nada. Não, este texto não é sobre a construção de Brasília. Muito antes da nossa capital, os gregos decidiram criar uma metrópole longe de sua casa, uma cidade moderna que ficou onde hoje é o Afeganistão. Trata-se de Ai-Khanoum.

A existência dessa cidade ficou desconhecida por milênios. Isso porque ela foi completamente encoberta por toneladas e toneladas de areia e terra. Reza a lenda que sua descoberta foi fruto do acaso. O rei afegão Mohammad Zacher Chach caçava no deserto quando teria avistado um vestígio de torre.

Sem uma equipe de especialistas em seu país, ele teria pedido para que um time de arqueólogos franceses investigasse o fato. Foi assim que a cidade perdida grega foi descoberta, no ano de 1961.

Cidade teria sido construída no Império Selêucida

Fotos da expedição que investigou a cidade: Reprodução: Musée GuimetFotos da expedição que investigou a cidade: Reprodução: Musée Guimet

O Império Selêucida teria sido criado por um ex-general de Alexandre, o Grande, chamado Seleuco I Nicator. Esse império teria durado cerca de 200 anos (312 a.C. a 63 a.C.).

A ideia de Seleuco era continuar o projeto de Alexandre, criando um império enorme, que unisse o Norte da África, o Leste da Europa e o Oeste da Ásia sob um único governo, mas sem desrespeitar as culturas e religiões locais.

O projeto foi bem-sucedido por séculos, mas com o tempo, controlar tantas regiões diferentes, que desejavam independência, tornou-se impossível — situação que se repetiria com o Império Romano, séculos depois.

A decadência do Império Selêucida poderia ser uma das explicações sobre a falência da cidade, que não foi reconstruída após sua destruição.

Como era viver em Ai-Khanoum?

Reprodução: Musée GuimetReprodução: Musée Guimet

A cidade ficava sob os pés das montanhas. Sua acrópole ficava sobre um penhasco nas redondezas. A acrópole tinha muitas funções na civilização grega: era local de culto a Zeus, mas também servia como abrigo para os moradores, no caso de invasões.

As ruas da cidade eram planejadas para se adaptarem ao terreno seco do deserto. A cidade contava com teatros e templos cuja capacidade era de cerca de 5 mil pessoas.

O palácio da cidade contava com 118 colunas coríntias gregas, algumas delas com quase seis metros de altura. Ao sul dessa construção, havia uma gigantesca praça aberta de 27 mil m2. O palácio ainda tinha 21 salas criadas apenas para guardarem itens valiosos. As paredes dos palácios, templos e teatros ainda eram ornamentadas com estátuas e pinturas altamente refinadas.

Ruínas de Ai-Khanoum podem desaparecer

Desde a descoberta, na década de 1960, a cidade perdida de Ai-Khanoum tem enfrentado duras batalhas. Nos anos de 1980 e 1990, ela foi totalmente saqueada. Alguns itens arqueológicos foram recuperados, mas muita coisa ainda está desaparecida.

Ao mesmo tempo, as guerras também destruíram a região — e foram muitas desde então. Agora, a nova ameaça às ruínas de Ai-Khanoum é a ascensão do Talibã. O grupo tem como objetivo limpar quaisquer resquícios de um passado afegão não islâmico. Em 2001, estátuas gigantescas de Buda foram destruídas, por exemplo.

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