Artes/cultura
19/10/2023 às 02:00•2 min de leitura
A Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem para a Área Metropolitana de Nápoles divulgou uma incrível descoberta por meio de um comunicado. Enquanto eram realizadas obras no sistema de água e esgoto da cidade de Giugliano, na Campânia, Itália, arqueólogos encontraram uma tumba de cerca de 2,2 mil anos em ótimo estado de conservação.
Não se pode dizer que a descoberta foi inesperada, já que vários outros sítios arqueológicos da Roma Antiga, com tumbas e sepulturas datadas entre 510 a.C. e 476 d.C., foram encontradas na região. Desde então, os arqueólogos começaram a fazer parte do programa de renovação do sistema de água do município. Mas o que chama a atenção é a idade da nova tumba descoberta e o grau de preservação das pinturas, afrescos e mosaicos presentes nela.
Entrada da Tumba de Cérbero. (Fonte: Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem para a Área Metropolitana de Nápoles/Reprodução)
Durante análise de rotina dos lugares por onde as obras passariam, arqueólogos encontraram uma parede construída com a antiga técnica romana “opus incertum”. Esta técnica foi desenvolvida após a introdução do concreto e consistia em preencher o miolo com diferentes pedras, formando uma parede sem um padrão regular. A antiga estrutura chamou a atenção e os arqueólogos retiraram as estruturas para encontrar a tumba.
Segundo o Mariano Nuzzo, Superintendente de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem para a Área Metropolitana de Nápoles, os afrescos e pinturas estavam extremamente nítidos e o gesso parecia recém-colocado. A descoberta foi classificada como indescritível e sem precedentes.
Os afrescos da tumba retratam cenas mitológicas. A mais emblemática delas é a de Hércules em seu último trabalho, lutando contra Cérbero, o cão de três cabeças que guardava a entrada do mundo dos mortos na mitologia grega. Ao lado da cena está o deus-mensageiro Hermes. Como ainda não foi possível identificar quem foi enterrado na tumba, ela ficou conhecida apenas como "Tumba de Cérbero".
Outra cena mitológica representada na tumba mostra dois ictiocentauros — centauros que são peixes na metade de baixo do corpo e com patas dianteiras de leão ou cavalos. Os dois seres estão segurando um clípeo, um escudo usado por guerreiros gregos e posteriormente romanos. A imagem é completa por dois erotes, figuras semelhantes a querubins que representam filhos alados de Afrodite, deusa da beleza.
Detalhe do mural com os Ictiocentauros. (Fonte: Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem para a Área Metropolitana de Nápoles/Reprodução)
O corpo enterrado ainda estava na cama funerária com vários objetos de valor. No túmulo ainda foram encontrados outros objetos de grande importância arqueológica, incluindo vasos ritualísticos. Segundo os arqueólogos, os trabalhos para reunir mais informações sobre o indivíduo enterrado e sobre a própria tumba continuam.
Mariano Nuzzo ainda afirmou no comunicado que depois de muitos anos esquecido no sentido de pesquisas, o território de Giugliano (nas proximidades de Nápoles) voltará a seu passado glorioso e será protegido como merece.