Saúde/bem-estar
25/10/2023 às 06:30•2 min de leitura
Cientistas chineses desenvolveram uma esponja capaz de revolucionar o combate a um dos principais problemas do mundo moderno: a poluição por micropartículas de plástico. Os pesquisadores, liderados por Jianxin Fu, da Ocean University of China, publicaram um artigo no Journal of Hazardous Materials mostrando a potencialidade da descoberta.
Os cientistas desenvolveram uma esponja sintética a partir de amido e de gelatina capaz de absorver micro e nano partículas de plástico. Testes em diferentes materiais, como água potável, água do mar e até em sopas, mostraram que a esponja tem a capacidade de retirar de 60% a 90% do plástico presente. A variabilidade depende dos métodos de limpeza aplicados, mas ela funciona desde da maneira convencional, até simplesmente boiando no oceano, quando interações eletrostáticas fazem o plástico grudar na esponja e não conseguir sair.
Plástico afeta diversos ecossistemas no oceano. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
A invenção pode capturar partículas de diferentes tamanhos, para isso, basta que as temperaturas dos diferentes materiais usados na composição variem. Assim, o tamanho dos poros aumenta ou diminui, fazendo a esponja ser capaz de atuar com diferentes finalidades.
Uma das inspirações para a invenção foram as ostras, que conseguem filtrar e prender seus alimentos a partir da água do mar. Até por isso, um dos ingredientes usados na produção da esponja foi a quitosana, um tipo de suplemento natural feito da casca de crustáceos que é rico em fibras e serviu para dar o formato estrutural da esponja.
Apesar da importância da descoberta, os cientistas ainda pretendem avançar na pesquisa e melhorar o protótipo. Ainda que seja biodegradável, já que usa amido, quitosana e gelatina, o processo de desenvolvimento da esponja utiliza formaldeído, um composto altamente tóxico e que deixou traços no produto final. Agora, os pesquisadores buscam maneiras menos nocivas de atingir o mesmo resultado.
Quando a esponja estiver disponível para ser produzida em escala industrial, ela pode se unir a outras formas de combater a poluição de plástico, como filtros de carbono ou de areia já existentes. Segundo pesquisadores, é importante fazer todo o possível para aplicar estes filtros em sistemas de tratamento de esgoto e até nas casas para evitar que o plástico continue a chegar aos oceanos. Uma vez que eles atingem grandes corpos de água, os métodos de limpeza tem eficácia muito reduzida, além de que há a contaminação de inúmeras espécies animais e vegetais.
A contaminação por plásticos nos oceanos e no ambiente é um desafio de escala global cada vez mais preocupante. Graças a sua durabilidade e versatilidade, os plásticos são quase onipresentes em nossa sociedade, mas essa mesma resistência os torna uma ameaça para o meio ambiente. Anualmente, milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos, resultando em graves consequências. Um estudo do Plymouth Marine Laboratory, estimou que até 2050, os oceanos podem ter mais peso em plásticos do que em peixes.
Os plásticos afetam a vida marinha, causando estrangulamento, ingestão acidental e danos a ecossistemas frágeis, como recifes de coral e áreas de desova. Além disso, partículas fragmentadas de plástico diminuem a qualidade da água e podem introduzir produtos químicos tóxicos nos ecossistemas. A cadeia alimentar também é afetada, pois elementos tóxicos podem se acumular em peixes e mariscos que consumimos.
Essas micropartículas de plástico entram em contato diariamente com o corpo humano e podem ser extremamente danosas à saúde. Elas podem ser ingeridas pela alimentação ou pela respiração, e já há registros de problemas de saúde ligadas a disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas causadas por partículas que atingem a corrente sanguínea.