Artes/cultura
04/12/2023 às 11:00•2 min de leitura
A comunicação com seres extraterrestres é uma questão que preocupa os seres humanos há muito tempo. Na década de 1950, o físico italiano Enrico Fermi, prêmio Nobel de Física em 1938, questionou: "Se há muitos planetas na galáxia, alguns dos quais têm condições favoráveis para a vida, por que ainda não detectamos evidências de vida inteligente fora da Terra?".
No ano passado, dois cientistas da Universidade Nacional de Pequim, na China, decidiram responder à clássica questão "Onde está todo mundo?", e o resultado é um artigo corajoso. De acordo com a dupla Wenjie Song e He Gao, ainda que existam inúmeras civilizações no cosmos, elas estão mais preocupadas com sua existência durante milhares de anos, do que falar com outros seres.
Para testar suas hipóteses, os astrônomos chineses usaram a técnica estatística "simulação de Monte Carlo" para estimar o número de CETIs (civilizações inteligentes extraterrestres comunicantes) possíveis dentro da nossa Galáxia e a probabilidade de comunicação entre elas.
(Fonte: Getty Images)
Para investigar o possível número de CETIs em nossa própria galáxia sob diferentes condições, os autores trabalharam com dois cenários: no primeiro, a vida inteligente só pode se formar em um planeta semelhante ao nosso depois que sua estrela tenha pelo menos 5 Gyr (cinco bilhões de anos) de idade. No segundo cenário, esse tempo é entre 4,5 e 5,5 Gyr.
Nas simulações, os pesquisadores criaram nove cenários onde as CETIs eram raras ou comuns. Se elas forem raras (cerca de 110 na Via Láctea), aponta a simulação, então uma civilização comunicante poderia ter que sobreviver durante 400 mil anos antes de receber um sinal de outra.
Mas, em um cenário otimista, se tivermos 43 mil CETIs aqui na galáxia, serão necessários pelos menos dois mil anos para que uma civilização em comunicação receba sua primeira chamada interplanetária.
(Fonte: Getty Images)
Conforme o estudo, a principal razão por não termos recebido ainda nenhum contato alienígena é "porque o tempo de vida da comunicação humana não é suficientemente longo no momento". No entanto, argumentam os autores, é preciso lembrar que o período de vida das civilizações é limitado (argumento do Juízo Final).
Ou seja, as civilizações se extinguem devido a uma série de perturbações potenciais, que incluem "questões populacionais, aniquilação nuclear, mudanças climáticas repentinas, cometas invasores, mudanças ecológicas", segundo o estudo.
Isso significa que, se esse argumento estiver correto, jamais receberemos qualquer tipo de sinal de outros CETIs antes de estarmos extintos. Além disso, o número de planetas terrestres que pode dar origem à vida é bastante incerto, dizem os autores. E concluem: "o processo de evolução da vida para um CETI e a capacidade de enviar sinais detectáveis para o espaço é altamente imprevisível".