Ciência
09/12/2023 às 09:00•2 min de leitura
Quem nunca cometeu o pecado da gula ao devorar aquela sobremesa ou prato favorito? Quanto a isso, comer rápido nem sempre parece ser um problema, até que alguns minutos depois da refeição vem aquele famoso desconforto acompanhado da sensação que a barriga está cheia — ou melhor, explodindo.
Para porções pequenas isso não é necessariamente verdade, mas depois da feijoada, ou quando repetimos o prato, já é bem diferente. Você já parou para pensar por que isso ocorre?
(Fonte: Getty Images)
A sabedoria popular aponta que esse intervalo entre a primeira mordida e a sensação de que estamos satisfeitos é de vinte minutos. Apesar de realmente ser necessário passar um período até que o organismo fique satisfeito, não é exatamente esse o tempo que leva para esse mecanismo todo ocorrer — mas gira em torno disso.
Pelo menos vinte minutos são necessários para que o cérebro receba o aviso que já comemos o suficiente. O período exato que levamos para nos sentir satisfeitos pode variar, portanto, a depender da refeição, da ordem dos alimentos que ingerimos e mesmo dos hábitos alimentares.
Já vamos explicar os motivos por trás disso, mas antes é importante lembrar que a sensação de fome e saciedade são definidas a partir da ação de dois hormônios específicos, relacionados aos processos digestivos. São eles a grelina e a leptina.
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A grelina, hormônio da fome, é um peptídeo produzido no estômago secretado antes das refeições. A leptina, por sua vez, é liberada a partir das células de gordura, e ambas atuam na regulação da ingestão alimentar. Enquanto a primeira estimula a alimentação, a outra atua na saciedade, aumentando à medida que ingerimos algo.
Muitos mecanismos envolvidos no processo de digestão começam assim que colocamos um alimento na boca, e mesmo o sabor da refeição desempenha um papel especial nesse sentido. Assim como o cérebro recebe diversas informações quando estamos com o estômago vazio, o mesmo ocorre quando nos alimentamos. Tudo isso ocorre para garantir não só que nos alimentemos regularmente, mas também para evitar exageros.
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Ao considerar o papel da alimentação, fica mais fácil entender por que o tempo que leva para nos sentirmos saciados varia: ao ingerirmos folhas verdes, grãos integrais e alimentos saudáveis de uma forma geral, como frutas e refeições com alto teor de fibras, a sensação de saciedade é mais pronunciada e duradoura. Comidas gordurosas, por outro lado, não surtem o mesmo efeito.
Da mesma forma, mastigar devagar é outro hábito que faz muita diferença. Isso não é só porque permite apreciar melhor o sabor dos alimentos e garantir que a primeira etapa da digestão, na boca, termine com alimentos melhor triturados, mas porque oferece uma janela de tempo para os hormônios transportarem suas mensagens.
Assim, deixamos de comer porções exageradas e nos sentimos satisfeitos, sem cometer exageros, o que evita desconfortos das mais diversas ordens e torna o momento de se alimentar muito mais saudável sob diferentes aspectos.