Ciência
15/12/2023 às 11:00•2 min de leitura
Mais de quatro décadas se passaram desde que os Discos de Ouro originais foram lançados no espaço profundo a bordo da Voyager 1 e da Voyager 2, em um dos primeiros esforços da humanidade para se comunicar com espécies exóticas. Agora, cientistas estão cogitando montar uma nova edição da mensagem para fornecer à vida extraterrestre uma nova visão da Terra no século XXI.
Os Discos de Ouro originais eram como uma mensagem na garrafa arremessada no mar, só que no universo, com a esperança de fornecer informações sobre a atualidade, a sociedade humana e a história do nosso planeta às formas de vida extraterrestres. Eles consistem em dois discos fonográficos folheados a ouro que continham áudio e imagens projetadas para retratar como era a vida na Terra, colocados a bordo de cada espaçonave Voyager em 1977.
(Fonte: GettyImages)
O conteúdo guardado pelos Discos de Ouro da Voyager foi selecionado por um comitê liderado por ninguém menos que Carl Sagan, um cientista planetário e divulgador científico notório. Eles escolheram uma coleção de saudações faladas em 55 idiomas, músicas de diversas culturas, diagramas científicos, imagens do mundo natural e da cultura humana, além de definições matemáticas.
Dentre as línguas selecionadas está o português, e a pessoa selecionada para fazer a gravação da nossa língua materna foi Janet Sternberg, uma americana integrante do Departamento de Línguas Estrangeiras de Cornell que morou no Rio de Janeiro. Se a humanidade lançasse uma nova edição dos Discos de Ouro, o que poderia aparecer de novo em relação à mensagem original?
Um novo artigo pretende responder a essa pergunta com um projeto chamado Message in a Bottle (MIAB), ou "Mensagem em uma Garrafa" no nosso português. O trabalho ainda está na sua fase inicial, mas o objetivo seria lançar uma cópia do MIAB no espaço a bordo de uma futura missão espacial e manter outra cópia na Terra.
“Embora as probabilidades de uma entidade extraterrestre receber o nosso comunicado sejam mínimas, a versão replicada salvaguardada na Terra oferecerá informações valiosas sobre a nossa civilização e o seu legado para as gerações seguintes ou, potencialmente, para espécies inteligentes que possam um dia visitar o nosso planeta”, disseram os autores do estudo em comunicado.
(Fonte: GettyImages)
Ao contrário dos discos originais, a nova mensagem poderá apresentar vídeos em resoluções altas, o que permitiria aos "seres estranhos" observar a humanidade com muito maior profundidade do que uma imagem estática ou gravação de áudio. Além disso, a mensagem também pode incluir outras formas modernas de mídia, como jogos ou códigos de computador.
No entanto, um problema ainda permanece: como criar uma mensagem que seja universalmente compreensível? No cenário onde uma vida extraterrestre consegue consumir esse conteúdo, como ela iria nos entender? Para superar esse obstáculo, os investigadores recomendam a criação de um sistema em que a informação possa ser desvendada em etapas graduais, começando pelos fundamentos da vida na Terra e progredindo para aspectos mais complexos da sociedade humana e da ciência.
Em última análise, o MIAB poderia ser uma propaganda atraente para a nossa espécie e suas realizações, bem como uma cápsula do tempo para documentar a nossa experiência. Afinal, esse sempre foi o espírito original dos Discos de Ouro de Sagan na década de 1970.