Ciência
20/12/2023 às 04:30•2 min de leitura
As obras de construção de um condomínio na região central de Tóquio, no Japão, foram interrompidas após a descoberta das ruínas de casas construídas há mais de 2 mil anos, em outubro. Conforme destacou o jornal Mainichi Shimbun, as habitações milenares ficavam sob a antiga embaixada do Reino Unido.
Foram encontradas 28 residências até o momento, a maioria datando do Período Yayoi, que durou de 300 a.C. a 250 d.C. no país asiático. Também há construções mais antigas, do Período Jomon, e outras que ainda não tiveram a idade definida.
Localizadas no distrito de Chiyoda, as moradias possuem algumas diferenças. As mais antigas tinham piso de terra e telhado de palha, enquanto as mais recentes apresentam evolução no processo de construção, trazendo estruturas de madeira acima do solo.
Área em que as ruínas foram encontradas. (Fonte: Mainichi Shimbun/Reprodução)
Junto aos restos das casas com mais de 2 mil anos havia cerâmicas dos dois períodos, bem como um cano de madeira, um poço e uma adega erguida no início do período moderno. Conchas de moluscos descartadas também estavam entre as descobertas no interior de uma das habitações.
O local em que foram achadas as antigas ruínas das casas dos períodos Yayoi e Jomon agora pertence à Mitsubishi Estate Residence Co., que adquiriu o terreno em abril de 2022 do governo do Reino Unido. A empresa se prepara para construir um condomínio, no projeto de revitalização daquela área de Tóquio.
No entanto, o governo do distrito de Chiyoda notou que o terreno não passava por escavações desde o início da Era Meiji (1868 a 1912) e obteve autorização da companhia para analisar o local. O levantamento arqueológico abrange uma área total de 7.700 m².
Parte das ruínas. (Fonte: Mainichi Shimbun/Reprodução)
Até agora, apenas 3.700 m2 foram examinados, de acordo com a publicação, levantando a possibilidade de que mais construções históricas sejam encontradas na região. O trabalho acontecerá até março de 2024, enquanto as obras do condomínio continuam paralisadas.
Conforme o professor de arqueologia da Universidade Meiji, Hideshi Ishikawa, a descoberta na área central da capital japonesa surpreendeu a todos, já que poucos assentamentos antigos foram encontrados naquela parte da cidade. “É academicamente importante porque nos dá uma ideia de como as pessoas viviam naquela época”, comentou ele, em entrevista ao Mainichi Shimbun.
O governo distrital tem planos de preservar o assentamento em Chiyoda, devido à importância histórica da descoberta. No entanto, as negociações com a construtora responsável pelo condomínio não avançaram, até o momento, havendo a possibilidade de que as ruínas fiquem desprotegidas e desapareçam a partir das obras.
Um porta-voz da empresa disse ao jornal que está tratando da preservação com as autoridades locais, mas não deu qualquer garantia de que a área será designada como local histórico nacional, recebendo as medidas de proteção.