'Anemia espacial': a explosão que pode acontecer com os passageiros de um foguete

03/01/2024 às 12:002 min de leitura

Ao todo, são necessários oito minutos para que um ser humano saia da Terra e seja colocado em órbita. Nesse intervalo, o corpo desse indivíduo precisa atravessar uma força esmagadora de gravidade como nada já sentido em nosso planeta. Por conta disso, cientistas do Observatório Espacial Europeu (ESA) estão testando como essa viagem pode afetar nossos corpos.

Os primeiros testes indicam que o lançamento massivo pode acabar enfraquecendo as membranas das células sanguíneas de um astronauta, colocando-as em risco de explodir. Caso isso seja verdade, esses dados explicariam o motivo pelo qual alguns astronautas sofrem da chamada "anemia espacial".

Como surgiu a anemia espacial?

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Estudos anteriores já mostraram que os corpos humanos destroem cerca de 54% mais glóbulos vermelhos quando viajam para o espaço do que normalmente destruiriam na Terra, diminuindo a disponibilidade de transportadores de ferro na corrente sanguínea. Os investigadores, então, passaram a acreditar que esse era o motivo primordial para que os astronautas muitas vezes sentissem fadiga, fraqueza ou tonturas quando regressam à gravidade normal.

Como as células sanguíneas ainda estariam se reajustando de uma vida em microgravidade, esses indivíduos sofreriam da chamada anemia espacial. "Os astronautas passam por duas grandes mudanças corporais durante o voo espacial: para chegar à microgravidade, eles primeiro experimentam um breve, mas intenso, período de hipergravidade. Então decidimos investigar os efeitos que esta fase inicial pode ter em termos de levar a hemólise no espaço mais tarde", disse a líder da equipe de pesquisa, Georgina Chávez, da Universidade Católica Boliviana San Pablo. 

A inspiração para a pesquisa veio em 2022, quando outra equipe de pesquisadores descobriu que as células sanguíneas podem se romper na microgravidade e possivelmente contribuir para a anemia espacial. Assim, Chávez e sua equipe passaram a se questionar se algo semelhante poderia acontecer na hipergravidade. 

Efeitos do espaço em seres humanos 

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Utilizando uma centrífuga de 8 metros de largura localizada na Holanda, e de posse do ESA, os pesquisadores passaram a simular a hipergravidade até 20 vezes a gravidade da Terra. Historicamente, voos espaciais exercem forças gravitacionais três a seis vezes maiores que a gravidade do nosso planeta. Para criar essa experiência, os cientistas colocaram glóbulos vermelhos humanos banhados em soluções hipotônicas dentro do aparelho.

Cada teste durou intervalos irregulares: de 10, 30 e 60 minutos. Então, após a conclusão do experimento, as células sanguíneas foram analisadas para ver como se saíram. Como a pesquisa não foi finalizada ainda, dados concretos não estão disponíveis até o momento. No entanto, não há motivos para suspeitar de mudanças.

Estudos anteriores realizados em ratos descobriram que os glóbulos brancos podem ser destruídos em condições de hipergravidade, o que também causa sinais de enfraquecimento das células que formam uma barreira entre a corrente sanguínea e o cérebro dos animais. Além disso, a própria superfície interna dos vasos sanguíneos — que ajudam a controlar a sobrevivência, proliferação, morte e migração celular — mostra claros sinais de estresse causado pela hipergravidade.

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