Estilo de vida
08/01/2024 às 04:30•2 min de leitura
Por muito tempo, os cientistas têm conhecimento sobre as propriedades antibióticas presentes nas substâncias químicas produzidas por algumas espécies de formigas. No entanto, a descoberta recente sobre o uso desses compostos para tratar feridas de batalha em suas próprias colônias surpreendeu os pesquisadores.
A formiga Matabele (Megaponera analis) realiza incursões periódicas em colônias de cupins em busca de alimentos, enfrentando riscos significativos. As feridas resultantes desses confrontos poderiam ser fatais se não fossem tratadas adequadamente. O estudo, liderado pelo Dr. Erik Frank, da Julius-Maximilians-Universität Würzburg, destaca a sofisticação desses tratamentos, proporcionando uma perspectiva única sobre como insetos sociais abordam cuidados médicos em seu meio.
Uma formiga cuida das pernas de outra, arrancadas em uma briga com cupins. (Fonte: Erik Frank/Universidade de Würzburg/Reprodução)
As formigas Matabele demonstraram uma habilidade notável em diagnosticar infecções em suas colônias. Quando as feridas de batalha se tornam infectadas, o perfil de hidrocarbonetos da cutícula da formiga sofre alterações detectáveis por suas companheiras. As mudanças químicas na cutícula funcionam como um sinal, desencadeando uma resposta imediata para tratar as feridas, permitindo com que elas identifiquem rapidamente a necessidade de intervenção médica.
Em resposta ao diagnóstico de infecção, as formigas Matabele extraem uma secreção antibiótica de suas glândulas metapleurais e a aplicam nas feridas usando suas mandíbulas. Os testes de laboratório confirmaram que essa aplicação de líquido antibiótico reduziu a taxa de mortalidade das formigas infectadas em aproximadamente 90%.
As glândulas onde as substâncias antibióticas são produzidas estão localizadas nas laterais do tórax da formiga. (Fonte: Fumika Azuma/Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa/Reprodução)
A bactéria Pseudomonas aeruginosa, frequentemente associada a infecções resistentes a antibióticos em humanos, foi identificada como causadora de infecções nos ferimentos de formigas Matabele. Essa descoberta apresenta um caminho para a identificação de antibióticos específicos produzidos por esses insetos. Os cientistas agora buscam explorar as propriedades desses compostos para possível utilização em tratamentos médicos humanos, proporcionando uma nova perspectiva na luta contra infecções resistentes.
Em um cenário em que a resistência a antibióticos é uma ameaça crescente, o uso direcionado de compostos antimicrobianos produzidos internamente destaca uma sofisticação notável nas práticas médicas desses insetos sociais. A pesquisa não apenas amplia nosso entendimento sobre o comportamento das formigas Matabele, mas também inspira investigações para aplicação médica em humanos. Essas pequenas criaturas continuam a surpreender, mostrando que, no reino animal, até mesmo as formigas podem ser médicas hábeis.