Saúde/bem-estar
07/02/2024 às 13:00•2 min de leitura
O gelo glacial, guardião silencioso de segredos antigos, está desvendando mistérios através do derretimento acelerado causado pelo aquecimento global. Entre as descobertas notáveis estão vírus de 15 mil anos, ressurgindo das profundezas do permafrost tibetano. Essas criaturas microscópicas foram reveladas em um estudo liderado pelo microbiologista Zhi-Ping Zhong da Ohio State University e publicado na revista Microbioma. O estudo centrou-se em amostras de gelo da calota polar Guliya, situada a 6,7 quilômetros acima do nível do mar no planalto tibetano.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O estudo emprega técnicas metagenômicas e experimentos controlados com núcleos de gelo artificial, superando desafios como baixa biomassa e contaminação. Os resultados revelam linhagens dominantes, como Janthinobacterium e Methylobacterium, em diferentes núcleos de gelo, proporcionando informações relevantes sobre a diversidade microbiana e suas adaptações climáticas ao longo dos anos.
Através do sequenciamento quantitativo de baixa entrada, foram identificadas 33 unidades taxonômicas virais exclusivas, abrindo um novo capítulo na compreensão da variabilidade genética de vírus em ambientes glaciares. Esse avanço tecnológico permite uma análise mais profunda do papel desses micróbios e vírus no contexto climático e ecológico.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Os vírus do gelo de 15 mil anos apresentam uma história genética intrigante. Comparando sequências genéticas, os pesquisadores identificaram bacteriófagos que infectam Methylobacterium como os mais abundantes. Isso sugere uma associação com bactérias essenciais para o ciclo do metano, destacando a importância desses organismos antigos em processos ambientais.
Além disso, a anotação funcional do genoma revelou genes metabólicos auxiliares, indicando que os vírus podem desempenhar um papel na aquisição de nutrientes para seus hospedeiros. Essas descobertas não apenas abrem novas perspectivas sobre a adaptação viral, mas também destacam a complexidade das interações entre micróbios e vírus em ambientes glaciares.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O estudo ressalta a urgência de compreender as implicações do derretimento glacial, não apenas pela perda de micróbios e vírus antigos, mas também pelo potencial de liberação desses agentes infecciosos no futuro. Com o espectro dos vírus antigos ganhando destaque após a pandemia de covid-19, a preocupação vai além das consequências diretas para a saúde humana. Enormes reservas de metano e carbono, liberadas pelo gelo derretido, representam um risco significativo para o equilíbrio ambiental, destacando a necessidade de abordagens sustentáveis para lidar com as mudanças climáticas.
O estudo sobre os vírus antigos congelados nas geleiras tibetanas não apenas desvenda segredos microbianos de eras passadas, mas também serve como um lembrete urgente sobre os desafios contemporâneos. À medida que exploramos o desconhecido, é imperativo entender como os micróbios e vírus respondem às mudanças climáticas. Esse mergulho nas profundezas do gelo destaca a importância de preservar e proteger esses ecossistemas cruciais para o equilíbrio global.