Ciência
26/02/2024 às 02:30•2 min de leitura
Pela primeira vez na história, cientistas detectaram moléculas de água na superfície de um asteroide no espaço. As descobertas revelaram novos detalhes sobre como a água é distribuída no Sistema Solar e foram detalhadas num estudo publicado no The Planetary Science Journal.
A equipe responsável pelo estudo estudou quatro asteroides ricos em silicatos usando dados do agora aposentado Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha (SOFIA), da NASA. Os dados mostraram que os asteroides Iris e Massalia têm evidências de um comprimento de onda específico de luz que indica que moléculas de água estão presentes em suas superfícies.
O asteroide Iris é gigante, com 200 km de diâmetro e orbita nosso Sol entre Marte e Júpiter. Massalia, por sua vez, tem cerca de 135 km de diâmetro e também fica perto do Planeta Vermelho.
(Fonte: Getty Images)
Em comunicado oficial, a coautora do estudo e astrônoma do Southwest Research Institute, Anicia Arredondo, destacou que os asteroides são restos do processo de formação planetária, o que significa que suas composições variam dependendo de onde se formaram na nebulosa solar. "De particular interesse é a distribuição de água nos asteroides, porque isso pode esclarecer como a água foi entregue à Terra", disse.
Os asteroides de silicato seco são descritos como anidros e normalmente se formam mais perto do Sol. Compreender onde esses asteroides estão localizados no Sistema Solar e do que são feitos pode também nos dizer como os materiais foram distribuídos e evoluíram ao longo do tempo ao nosso redor, afirmaram os pesquisadores.
Dado que a água é necessária para toda a vida na Terra, identificar onde ela pode existir pode ajudar a ciência a procurar vida no nosso Sistema Solar e até mesmo fora dele. “Com base na força da banda das características espectrais, a abundância de água no asteroide é consistente com a da Lua iluminada pelo Sol”, comentou Arredondo.
(Fonte: Getty Images)
Moléculas de água já haviam sido identificadas anteriormente pela SOFIA em uma das maiores crateras da Lua em seu hemisfério sul. Observações anteriores da Lua e dos asteroides encontraram alguma forma de hidrogênio, mas não conseguiram distinguir entre a água e um parente químico próximo chamado hidroxila.
Partenope e Melpomene foram os dois asteroides mais fracos no estudo, e os dados não revelaram quaisquer conclusões definitivas sobre a presença de moléculas de água neles. Segundo os investigadores, o instrumento usado para a pesquisa não é sensível o suficiente para detectar a característica espectral da água. Neste momento, os cientistas estão recebendo ajuda do Telescópio Espacial James Webb para usar sua ótica precisa e capacidade de ver sinais infravermelhos para investigar outros alvos no espaço.
“Realizamos medições iniciais para outros dois asteroides com Webb durante o segundo ciclo”, disse Arredondo. Como próxima etapa, os investigadores têm outra proposta para o próximo ciclo de averiguar outros 30 alvos, na esperança de aumentar as chances de compreender como funciona a distribuição de água no nosso Sistema Solar.