Artes/cultura
26/08/2024 às 16:00•3 min de leituraAtualizado em 26/08/2024 às 16:00
As mudanças climáticas não são um fenômeno recente. Ao longo da história, os eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, inundações devastadoras e mudanças na temperatura global, muitas vezes tornaram a sobrevivência impossível para algumas sociedades. Conheça como cinco civilizações antigas foram drasticamente afetadas por esses fenômenos, levando ao seu declínio e eventual desaparecimento.
O Império Khmer, que floresceu no sudeste asiático entre os séculos IX e XV, teve sua capital em Angkor, no atual Camboja. Esse vasto complexo de templos, hoje um dos destinos turísticos mais famosos do mundo, foi uma vez o coração de uma próspera cidade hidráulica que dependia de uma elaborada rede de reservatórios e canais para gerenciar a água.
No entanto, a "Pequena Idade do Gelo", que começou por volta de 1300, trouxe consigo uma série de secas severas alternadas com monções intensas, sobrecarregando essa infraestrutura. As falhas no sistema de irrigação, combinadas com instabilidade política e invasões estrangeiras, culminaram no colapso do Império Khmer, em 1431.
A civilização do Vale do Indo, localizada na região que hoje corresponde ao Paquistão e Índia, é uma das mais antigas do mundo, originada cerca de 3300 a.C. Essa sociedade, notável por seu planejamento urbano avançado, enfrentou seu declínio durante o evento climático conhecido como "evento de 4,2 quiloanos", há cerca de 4200 anos.
Essa mudança drástica no clima, caracterizada por uma diminuição nas chuvas de monção, afetou diretamente as práticas agrícolas e forçou a migração das populações para áreas mais próximas da costa. A seca prolongada comprometeu a agricultura e enfraqueceu o comércio, contribuindo para o eventual colapso dessa civilização.
Os acadianos, que governaram grande parte da Mesopotâmia entre 2300 e 2150 a.C., são frequentemente considerados o primeiro império da história. No entanto, eles também não foram capazes de resistir às mudanças climáticas.
O evento de 4,2 quiloanos, que também afetou o Vale do Indo, trouxe um clima mais frio e seco para a região, exacerbando as tempestades de areia conhecidas como "shamal". As cidades do norte foram abandonadas e, com o enfraquecimento das colheitas, a estabilidade social desmoronou. Os acadianos atribuíram sua queda à retribuição divina, mas a verdadeira causa foi a incapacidade de adaptar-se ao novo clima.
A civilização Rapa Nui, localizada na Ilha de Páscoa, floresceu entre os séculos IV e XVII, e criou as icônicas estátuas moai. No entanto, essa sociedade isolada foi severamente impactada pela "Pequena Idade do Gelo" e pela superpopulação.
A mudança no clima trouxe secas prolongadas que, combinadas com a degradação do solo devido ao uso excessivo, levaram à queda na produção agrícola. Com a escassez de alimentos e recursos, a sociedade entrou em colapso, tornando-se um exemplo clássico de como o clima pode influenciar o destino de uma civilização.
Os maias, conhecidos por suas contribuições à arte, arquitetura e astronomia, dominaram a Península de Yucatán por séculos. No entanto, entre os séculos VIII e IX, essa poderosa civilização enfrentou uma série de secas devastadoras. A "megaseca" que se abateu sobre a região causou um colapso agrícola, levando à fome e à instabilidade social.
A falta de água tornou insustentáveis as grandes cidades maias, resultando no abandono das metrópoles e no declínio da civilização. Até hoje, os pesquisadores estudam as evidências que apontam para a influência decisiva das mudanças climáticas no colapso maia.