Estilo de vida
23/09/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 23/09/2024 às 15:00
Uma descoberta surpreendente, mesmo para uma fauna tão exótica quanto a de Madagascar, foi anunciada recentemente. Trata-se do Brookesia nofy, um microcamaleão de 33 milímetros de comprimento, que, ao contrário dos seus colegas de gênero, que habitam o chão da floresta tropical, resolveram se aventurar em uma área florestal litorânea, dedicada ao ecoturismo.
De acordo com o artigo da pesquisa, publicado na revista ZooTaxa, o bichinho foi encontrado na floresta Ankanin'ny Nofy, daí o seu nome distintivo dentro dessa família de camaleões-anões ou camaleões-folha.
A presença de um réptil em extinção em um local badalado e superpovoado de visitantes contribuiu, paradoxalmente, para a sua descoberta. É que as fotos logo viralizaram nas redes sociais, chamando a atenção dos cientistas que correram para tirar o atraso, pois uma espécie ainda desconhecida pela ciência estava posando livremente no Instagram.
Em entrevista à IFLScience, Mark D. Scherz, outro caçador de minicamaleões que não participou desta pesquisa, explicou que eles não são fáceis de rastrear. "É preciso muita paciência e olho para isso. Com a prática, pode-se ficar relativamente bom nisso, mas muitas vezes trabalhamos com guias locais que também são especialistas em encontrar esses pequenos camaleões".
Com “uma cauda relativamente mais curta [do que seu ‘irmão’ B. ramanantsoai], um arranjo diferente de cristas cefálicas e provavelmente tamanho corporal menor e cabeça relativamente maior”, diz o estudo, a nova espécie foi descoberta até com uma relativa facilidade, principalmente levando-se em conta o local improvável que escolheu para viver.
Mesmo extremamente pequeno, o B. nofy não é o menor camaleão do mundo, título que pertence ao B. nana, espécie que também acumula um recorde no tamanho de seus órgãos genitais, que chegam a 20% do seu comprimento corporal.
Sem nenhuma característica externa notável ou espetacular, o que chamou a atenção na descoberta do B. nofy foi que "o único refúgio seguro aparente para a espécie seja uma floresta privada usada para ecoturismo, enquanto os poucos trechos de floresta natural remanescentes ao seu redor estão, neste momento, sob forte pressão devido à agricultura de corte e queimadas".
A escolha de um local tão avesso às características dos camaleões que, literalmente, se escondem para viver, pode, segundo os autores, servir como argumento poderoso para a conservação. A descoberta de uma espécie endêmica inédita em uma área dedicada ao ecoturismo reforça a importância de proteger o que resta desse tipo de floresta em Madagascar, um dos maiores abrigos de biodiversidade do planeta.